Jefté e Mispa

sexta-feira, fevereiro 10, 2017 Maravilhosa Graça 0 Comments




Todos nós conhecemos a passagem em que Abraão oferece Isaque como sacrifício até que o Senhor intervém, salvando a vida do filho da promessa ao dizer que Abraão provou ter fé. Mas poucos de nós conhecemos a história de Jefté, que, de fato, sacrificou sua única filha Mispa.

A história é narrada em Juízes 11. Jefté era filho de Gileade e de uma prostituta, razão pela qual os filhos legítimos de Gileade não aceitavam Jefté. Ele, então foge dos seus irmãos e passa a morar na terra de Tobe. Alguns anos depois, os líderes da terra de Gileade buscaram Jefté, a fim de que ele fosse o chefe na guerra contra os amonitas. Jefté aceita a missão, porém coloca uma condição: caso ele vencesse a guerra, ele passaria a ser o governador daquele povo. E assim aconteceu.

Entretanto, Jefté prometeu ao Senhor que queimaria em sacrifício aquele que primeiro saísse de sua casa se ele voltasse vitorioso da guerra. Ele ofereceria em sacrifício ao Senhor. Deus lhe deu a vitória, mas, quando Jefté chegou em casa, sua filha Mispa saiu ao seu encontro, dançando ao som de tamborins. 

Quando percebeu que sua única filha (Jefté não tinha outros filhos ou filhas) deveria ser sacrificada, Jefté ficou desesperado. Ao dizer que havia feito uma promessa a Deus e que não voltaria atrás, Mispa respondeu:

Se o senhor fez uma promessa ao Senhor Deus, faça de mim o que prometeu. (Juízes 11:36)
 Hoje, a partir dessa história, quero chamar sua atenção para duas coisas: nem sempre Deus nos livra dos sacrifícios e nem sempre estamos dispostos ao sacrifício.

Acho que a história de Abraão e Isaque é mais famosa em nosso meio porque, além de ser uma analogia ao Pai e a Cristo, ela tem um final feliz. Quem de nós não sonha que, no momento que Deus nos pede algo que sonhamos e amamos, seja apenas um teste de fé? Quantas vezes nós desejamos secretamente que aquilo que Deus nos manda sacrificar permaneça, de alguma forma, na nossa vida? Essa história de Abraão foi tão romantizada que esquecemos que ele passou momentos terríveis com o seu filho, na certeza de que ele teria que matá-lo. Ele tinha fé que Deus sabia o que estava fazendo e, se necessário, ressuscitaria seu filho, mas ele não tinha certeza se essa era a vontade de Deus.

A questão é: na maioria das vezes, quando Deus nos manda sacrificar algo, nós temos que ser como Jefté e ir até o final. Pode ser aquele relacionamento de anos, aquele emprego que te garante estabilidade financeira, aquela cidade que você mora desde que nasceu, aquele estilo de vida ao qual você já está acostumado. Quando temos de sacrificar algo, precisamos da fidelidade de Jefté. A história dele é o perfeito paralelo entre Deus Pai e Jesus Cristo, porque o Senhor não poupou o seu único filho e foi até o fim.

Que nós sejamos capazes de crescer na fé e entender que aquilo que nós queremos nem sempre é aquilo que Deus quer. Os sacrifícios doem, é claro, mas eles, por vezes, são necessários. 

E o que dizer de Mispa? Mesmo sabendo do seu destino, mesmo sabendo que sua vida encerraria-se, ela prontamente disse "faça de mim o que prometeu". Mispa não foi uma super heroína: ela foi uma cristã normal. Esse é o tipo de cristianismo que nós sempre fomos chamados a viver. Uma vida disposta a sacrifícios para engrandecer o nome de Deus. Mispa não fez mais do que nós somos chamados a fazer.

Que essa semana você possa parar e refletir: qual sacrifício Deus já lhe pediu para fazer e você não foi até o fim? Em qual área da sua vida existe a necessidade de se dispor como Mispa se dispôs?

Graça e paz,
Carol
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