Julgar e amar

sexta-feira, agosto 28, 2015 Maravilhosa Graça 0 Comments


“A sabedoria de não transformar o diferente em divergente” **

Escrever para o blog é um desafio para mim. Normalmente escrevo sobre coisas que aprendi ao me deparar com problemas, com lutas, com experiências maravilhosas ou decepções. E me pego com dificuldade de falar sobre alguns temas. Vou explicar melhor.

Não gosto de escrever sobre pecado, sobre o diabo ou sobre o inferno. Não porque tenho medo ou os considero tabus, pelo contrário. Mas eu acredito que minha fé não se baseia no medo de não ir para o céu, tampouco numa obsessão em não pecar. Prefiro olhar as coisas sob outro prisma. Pessoalmente, creio que manter meu foco no amor e em Deus é a melhor forma de viver e comunicar minha fé.

Mas uma coisa que vem me incomodando muito quando escrevo são os exemplos. Por diversas vezes, quando trato de um tema, é inevitável exemplificar. Se falo sobre pureza sexual, sexo antes do casamento, cedo ou tarde, virá à tona. E, normalmente, os exemplos são dispostos em formato de lista – assim como Paulo fazia. Todos juntos parecem um grande bloco impuro, que mal pode ser visto. E, pensando sobre isso, queria fazer algumas observações.

Sinto que os cristãos têm uma tendência muito grande em julgar. E eu vejo uma grande diferença entre reconhecer o pecado e julgar. A Bíblia fala que homossexualidade, fornicação, mentira e inveja são pecados. No entanto, ao nos tornarmos cristãos e tomarmos a salvação como garantida, nos auto intitulamos “promotores de Cristo” e passamos a acusar quem peca. Passamos a hierarquizar os pecados. Passamos a segregar, a diferenciar, a odiar.

Acho curioso como os gays e as prostitutas são hostilizados. Pense friamente e responda: por que nos preocupamos tanto com pecados relacionados à sexualidade? Por que a perda da virgindade de uma mulher cristã evangélica traz muito mais escândalo do que a de um homem cristão evangélico? Por que insistimos em olhar para o pecado do outro enquanto nossa vida está cheia de cobiça, idolatria, inveja, mentiras?

Enchemos a boca para falar “o mundo”. “Quem acha isso normal é o mundo”, “Tinha que ser do mundo mesmo”. Essa divisão deveria nos trazer uma urgência em trazer o mundo para dentro do amor de Cristo, e não como uma barreira que nos diferencia e nos qualifica. Nós não podemos usar o pecado do outro como degrau para o nosso ego. Todos nós pecamos. Você, por melhor e mais profundo que seja seu relacionamento com Deus, peca. Você erra. Por mais que tente esconder. E essa culpa jamais sairia de você se não fosse pelo sacrifício de Jesus.

Então faço um clamor: pare de se achar superior ao mundo. Pare de olhar para quem não tem sua religião como “o mundo”, como se você fosse mais puro ou santo. Aprenda a amar o seu próximo, a ver o pecado dele com a mesma compreensão que você enxerga o seu pecado. Quando nós entendermos que nosso papel é irradiar o amor de Cristo nas nossas vidas, o papel de evangelização será muito mais fácil. Apontar o dedo, praguejar e sentenciar o fogo do inferno não é sua tarefa ou responsabilidade.

Você pode argumentar que não pode compactuar com o pecado alheio. E, realmente, você não pode. E é por isso que devemos buscar a melhor maneira de transmitir a mensagem de Deus. Falar do Seu amor por nós, ao meu ver, é a melhor forma de atrair almas sedentas por Ele. Ódio, incompreensão e preconceito apenas afastam, apenas mancham o nome do nosso Deus. Você vai prestar contas da sua vida na Terra, e oro para que nós jamais afastemos alguém de Cristo por sermos orgulhosos, fariseus e arrogantes.

Nosso inimigo não é o amigo ateu, o vizinho islâmico ou o familiar desviado. “Pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.” Efésios 6:12. A luta é por almas, então passe a amá-las (e não a desprezá-las).

Disse tudo isso porque eventualmente coloco exemplos de pecados. E quero que, a partir de hoje, vocês não interpretem isso como a “lista impura” ou o “exemplo a não ser seguido”. Desejo que essa seja uma lista em que você se pergunta se está descrito em alguma daquelas situações. Caso esteja, saiba que o preço da condenação já foi pago – assim como a sua alforria do pecado. Lute contra isso, para a glória do Senhor. E se você não esteja descrito naquela lista, tenha compaixão por quem está. Tire um tempo no seu momento de oração para orar por aqueles que estão presos em algum pecado específico. Mas jamais deixe de trabalhar nos seus próprios pecados e lutas.

Graça e paz!

** Retirado de http://oglobo.globo.com/sociedade/espiritualidade-religiao-12415633#ixzz3g0YsHJVV
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