Jesus Cristo na parada gay
Há poucos dias aconteceu um dos
maiores eventos do país: a parada gay. Pra você que não conhece é uma manifestação
em forma de festa onde homossexuais, travestis e simpatizantes da causa saem às
ruas para reivindicar seus diretos e expor o seu protesto contra a homofobia. É
uma festa que acontece em diversas partes do mundo, afinal, em todos os lugares
temos pessoas com uma variedade enorme de opções sexuais.
Na edição desse ano, tivemos o
episódio de uma moça crucificada. Ela estava vestida como Jesus, com coroa de
espinhos, apenas com uma manta enrolada na cintura e na placa da cruz, onde na
crucificação de Jesus era escrito INRI, na da moça estava um protesto com as
palavras “Basta de homofobia com GLBT”. A encenação escandalizou muitas pessoas
(cristãos e não cristãos), mas o que me levou a escrever esse texto depois de
algumas semanas foram as coisas que ouvi a respeito do acontecido, vindo de
pessoas que se dizem cristãs.
Eu entendo que a simbologia que
usaram pode parecer uma blasfêmia ao nome de Jesus, pode parecer desrespeito
com a crença alheia, mas vou tentar mostrar porque o que eles fizeram não é tão
ofensivo assim. Antes de começar meus argumentos, quero deixar claro que eu não
concordo com o que fizeram, não acho que seja uma ação respeitosa ou que esteja
certo usar a imagem de Jesus e um momento que foi tão especial para a
humanidade para protestar. Mas agora, o que eu tenho ouvido e lido sobre essa
manifestação é pior ainda do que eles fizeram.
Os cristãos de hoje ainda não superaram
um conceito que existe desde os tempos da Bíblia de que os gentios não poderiam
se ajuntar, assentar, comer, falar com os ímpios. Em uma passagem, Jesus faz
tudo isso e Mateus (que era um cristão que tinha o evangelho revelado em seu
coração) ficou indignado, pois ele estava se assentando com pessoas impuras e
pecadoras.
Saindo, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria, e disse-lhe: "Siga-me". Mateus levantou-se e o seguiu. Estando Jesus em casa, foram comer com ele e seus discípulos muitos publicanos e pecadores. Vendo isso, os fariseus perguntaram aos discípulos dele: "Por que o mestre de vocês come com publicanos e pecadores?" Ouvindo isso, Jesus disse: "Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Vão aprender o que significa isto: 'Desejo misericórdia, não sacrifícios'. Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores". Mateus 9:9-13
Isso está tão impregnado na
igreja de hoje que quando uma pessoa tem ações que condenamos pecadoras, nós as
tratamos de maneira diferente. Fazemos uma separação entre nós, os “puros”, e
os outros, os “impuros”, mas essa não foi a conduta de Jesus. Ao contrário de nós,
que nos colocamos numa posição superior, Jesus se sentou com eles, andou com
eles e os amou de maneira incondicional, de uma maneira que ultrapassa o pecado
que eles cometiam. Jesus era tão apaixonado pelos pecadores, que abriu mão de
seu título de Filho de Deus para ser a Salvação dos pecadores. POR MIM E POR
VOCÊ. O nosso pecado é apenas diferente do de outras pessoas, não é melhor nem
pior. Pecado é pecado.
Mas voltando ao começo do texto,
sobre a garota, a parada gay e os comentários que ouvi, o que pude perceber na
maioria das pessoas, é que elas tentam livrar a culpa dos cristãos dessa história
toda. Frases como “se eles querem respeito deveriam respeitar” foram as mais freqüentes
que ouvi, mas então eu questiono: será mesmo que o papel de começar o respeito
pertence a eles? A Bíblia fala que a Palavra de Deus veio primeiro aos crentes
para depois chegar aos descrentes, logo, somos nós, os que acreditam nessa
palavra, que temos a revelação para levar aos que não crêem. Um exemplo era a
vida de Paulo, ele era perseguidor da igreja, se converteu e aí então teve como
levar a palavra de Deus àqueles que não criam.
A igreja tem se comportado de
maneira infantil e mantido um pensamento egoísta de que tudo tem que girar em
torno dela. Não são os outros que tem que nos amar e nos respeitar acima de
qualquer coisa porque temos tal crença, pelo contrário: Jesus ensinou que se queremos
o respeito de alguém, comecemos nós a respeitar. Somos nós quem temos que
distribuir amor gratuito, mesmo que eles nos desrespeitem, nos ofendam, nos
maltratem. Nós temos que dar o outro lado do rosto.
"Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam. Se alguém bater em você numa face, ofereça-lhe também a outra. Se alguém tirar de você a capa, não o impeça de tirar a túnica. Dê a todo aquele que pedir, e se alguém tirar o que pertence a você, não lhe exija que o devolva. Como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles. "Que mérito vocês terão se amarem aos que os amam? Até os pecadores amam aos que os amam. E que mérito terão se fizerem o bem àqueles que são bons para com vocês? Até os pecadores agem assim. E que mérito terão se emprestarem a pessoas de quem esperam devolução? Até os pecadores emprestam a pecadores, esperando receber devolução integral. Amem, porém, os seus inimigos, façam-lhes o bem e emprestem a eles, sem esperar receber nada de volta. Então, a recompensa que terão será grande e vocês serão filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso para com os ingratos e maus. Sejam misericordiosos, assim como o Pai de vocês é misericordioso. Lucas 6:27-36
O que eles fizeram pode parecer
grave, mas se você comparar a todo o atentado que a igreja tem disparado contra
eles, então você consegue enxergar a manifestação com outros olhos. Eles não
estavam ali protestando contra Jesus, não queriam ofender Deus. Eles
protestaram contra todos aqueles que se dizem cristãos, mas não vivem o que
Cristo prega. Ele não tinha preconceitos, já a Igreja está deixando de
conquistar pessoas de todos os tipos (não somente gays) por causa do preconceito
enorme que paira sobre elas.
Que tal pararmos de julgar e
amarmos como Jesus amou? E se em vez de condenarmos os que têm costumes
diferentes dos nossos, nós fizéssemos como os cristãos em Chicago que foram até
a parada gay dizer a eles que Jesus os ama e pedir desculpas pelo
preconceito e ignorância de outros cristãos? Talvez pudéssemos ver uma igreja
agindo conforme a Palavra de Deus e vivendo verdadeiramente como discípulos de
Jesus. Pense nisso!
Graça e paz,
2 respostas:
Não sei se é conforme o protocolo eu mesma comentar, mas esse texto foi sensacional, Bruna!
Que todo mundo reflita sobre isso e aprenda um pouquinho do amor de Cristo!
Simplesmente fantástico.