Tire a trave desse olho!

terça-feira, dezembro 16, 2014 Maravilhosa Graça 0 Comments


Segunda-feira de manhã  eu estava no carro com meu pai, escutando o jornal no rádio, e o assunto era sobre a política. O locutor lia um texto sobre a ignorância dos eleitores brasileiros em pensar que a solução para acabar com a corrupção na política e nos órgãos públicos do Brasil seria votar num partido fulano ou banir o partido ciclano. E enquanto eu ouvi aquela mensagem, Deus começou a me ministrar sobre a Igreja de Cristo. Eu tenho sido muito ministrada nesse tema, sobre igrejas, Igreja e religiões. E mais uma vez Deus falou comigo sobre esse tema. 

Nós comumente cometemos o erro de pensar que o defeito está de fora, está no outro. Nós giramos em torno do umbigo dos outros e, quando se trata de nós, nos consideramos imaculados, sem culpa, totalmente inocentes. Eu já fiz muito isso: olhar para fora e achar que eu não estou errada; errado são os outros. E, da mesma forma que eu, sei que muitas pessoas também já pensaram assim. Há algum tempo Deus tem me mostrado o quanto somos intolerantes quando o assunto são os outros, a crença do outro, a vida do outro, mas ele também tem me mostrado que, enquanto estamos no nosso mundinho, achando que somente a nossa visão é a correta, pessoas de outras crenças tem feito por ele e pelo reino dele muito mais que eu e muitos crentes por aí. 

Enquanto vinha para a faculdade, estava no ônibus lendo o livro de Jeremias e uma passagem desse livro me mostrou que isso vem acontecendo desde  antes da criação das religiões. No capítulo 35 do livro de Jeremias, a bíblia fala de quando o profeta Jeremias foi visitar os recabitas, que era um povo que acreditava nas ordens de um antepassado chamado Jonadabe. Por causa do que esse antepassado, eles não bebiam vinho, não moravam em casas, não cultivavam a terra nem descumpriam qualquer que fosse a ordem que lhes tivesse sido deixada. Vendo isso, o Senhor falou a Jeremias o seguinte sobre o seu povo: "Os descendentes de Jonadabe têm obedecido à sua ordem de não beber vinho. E até hoje nenhum deles bebe, pois todos obedecem ao mandamento que ele deu. Mas eu tenho sempre falado a vocês, e vocês não têm obedecido." (verso 14). 

Você pode estar se perguntando o que isso tem a ver com o resto do texto e com a história da política que eu ouvi. Bem, naquela época, os recabitas eram um povo nômade, fora do contexto de crentes da época e tinham uma crença diferente. Por causa disso, poderiam ser considerados "errados" por seguirem aos mandamentos de um descendente. Mas acima disso, eles eram fiéis e obedientes, e isso agradou o coração do Senhor, tanto que este fala,  no verso 19, que os recabitas sempre terão um descendente que servirá à ele. É isso que acontece hoje, no meio crente, nas igrejas e nas religiões. Nós temos vivido uma história de "ai, mas o povo de tal religião acredita nisso ou aquilo que Deus desaprova" ou "a religião tal ou qual está errada porque faz isso ou aquilo". O que temos que entender é que muitas vezes nós estamos olhando para a diferença do outro e estamos deixando de fazer aquilo que agrada o coração do Senhor. Estamos colocando uma trave no olho do irmão sem tirar a que está no nosso olho primeiro (Mateus 7:3). 

Assim como os eleitores brasileiros precisam entender que para consertar o país é preciso começar uma mudança na maneira de pensar, nós devemos parar de achar que a culpa de a Igreja não estar progredindo está naqueles que têm outra crença, e abrirmos nossos olhos pra realidade de que nós mesmos não estamos obedecendo aos mandamentos de Deus, nós não temos sido fiéis àquilo que ele tem nos mostrado ou falado. O convite que eu quero te fazer hoje é para abrir e renovar a sua mente  (Romanos 12:2). Que, se queremos ver uma Igreja mudada, restaurada e progredindo, deixemos de lado nossa ignorância de achar que o outro é errado apenas porque acredita em algo diferente de nós, enquanto estão sendo muito mais crentes, muito mais obedientes do que temos sido. Que nós possamos começar uma revolução de dentro no nosso meio. Que possamos nos tornar obedientes para que tenhamos o reconhecimento do Senhor e que ele se orgulhe da nossa obediência assim como ele reconheceu a fidelidade dos recabitas. 

Paz e fogo. 


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