Julgar ou ajudar?

    A Palavra de Deus é bastante enfática e clara em todas as passagens que nos instruem a não julgar os outros. Vemos Jesus ensinando que esse nunca foi e nunca será o nosso papel e, mesmo assim, muitos crentes continuam querendo ocupar a cadeira do tribunal que pertence exclusivamente a Deus. Por quê? A Bíblia não é suficientemente clara para nós? A questão é que, muitas vezes, os cristãos pensam que são melhores do que os não-cristãos - não pense em terceiros; estou falando de você e eu. Nós achamos que, por termos a salvação de Cristo em nossos corações, temos o direito - e talvez até o dever - de apontar o dedo para as pessoas que não fazem o que a Palavra ensina, simplesmente porque nós fazemos. Mas eu quero te fazer uma pergunta: você faz mesmo?

    Veja que ensinamento pesado foi deixado para nós. Você e eu precisamos entender que TODOS nós somos pecadores, e é por essa razão que não temos o direito de apontar os pecados dos outros. E não venha me dizer "ah, mas o que o Fulano fez foi muito mais grave diante de Deus !". Você pode fazer essa distinção conforme o seu critério, mas Deus não faz. Ele quer que você perceba que não é melhor do que ninguém. Não importa se você cresceu em um lar cristão, se nunca mentiu, se nunca passou um dia da sua vida sem orar; você não tem o direito de pensar isso.

    Quando uma pessoa que você conhece comete algo que você sabe que é abominável aos olhos de Deus, você tem três opções para tomar uma posição. A primeira é julgar. Infelizmente, o que vemos hoje é que a maioria das pessoas dentro das igrejas escolhem essa sem pensar. Mal têm tempo de adquirir informações suficientes, e já começam a maquinar pensamentos pejorativos sobre o "pecador". Isso quando não dão um passo adiante e fazem questão de espalhar o "boato" para todos os irmãos da igreja. Com certeza você já disse ou ouviu esta frase: "Mas eu não estou falando mal do Fulano, longe de mim. Só estou te contando. Afinal, ele é nosso amigo...". Duvido muito que a intenção dessas fofocas seja levantar oração pela vida do nosso personagem, "Fulano". E quantas vezes nós já fizemos isso?! Que Deus tenha misericórdia de nós, porque só por julgar, já estamos nos colocando em igual condição de pecadores.

    Quero falar sobre algo polêmico que sempre me chateou muito. A questão da sexualidade se tornou um tabu dentro das igrejas, e causa o maior índice de "dedos apontados". Me irrita muito quando vejo que há alguém precisando de ajuda nesse quesito (e em vários outros) e, ao procurá-la, só recebe advertências preconceituosas de pessoas sem sabedoria. É por isso que tantas meninas que engravidam saem das igrejas. É por isso que tantos homossexuais têm aversão a cristãos - veja bem, não estou generalizando. O problema não está nessas pessoas, está em você que pensa que pode fazer juízo sobre elas. Você pode discordar de suas práticas, mas sua função não é sair dando sua opinião e ferindo pessoas para parecer um excelente cristão!

    A segunda atitude que você pode escolher tomar é se manter neutro. Acho que, por toda a minha vida, eu achei essa posição mais segura. Se eu sabia do pecado de alguém, simplesmente guardava aquilo. Preferia não comentar com ninguém, e policiar meus pensamentos para não pecar. De fato, essa é a coisa mais cômoda a fazer. Mas não a mais adequada...

    A terceira: nós podemos ajudar essas pessoas. Mas estou falando de ajudar de verdade, e não de caminhar até aquele que pecou e dizer "Você está errado. O que você fez é abominável aos olhos de Deus, e Ele irá te condenar." Isso é julgar. Se Deus precisar condenar alguém, Ele o fará conforme a justiça Dele, e não a sua. Mas se há alguém que se arrepende do seu pecado e que quer ajuda, nós precisamos estar dispostos a ouvir, aconselhar e, principalmente, a orar. Talvez você seja a única pessoa disposta a acolher o "Fulano" em um momento no qual, mesmo que ninguém saiba, ele precise de um amigo. E, acredite, isso vale muito mais do que qualquer coisa que você possa fazer para o Reino de Deus. Afinal, amar ao próximo é um dos dois maiores mandamentos. E como diria a minha querida amiga Bruna, "o amor verdadeiro é altruísta".

    Pense nisso hoje. Você tem sido um crítico ou um acolhedor de pessoas? Qual dessas posições você acha que é mais agradável a Deus? E qual será a sua escolha? Lembre-se: amar ao próximo é uma das melhores formas de demonstrar seu amor por Deus. Mas, ao julgá-lo, você só estará se mostrando hipócrita. Se o Senhor te deu força, sabedoria e conhecimento para fortalecer outros, não as desperdice. 

Na graça e na paz do Senhor Jesus,

Vitória