Virtudes em ação

Existem muitas pessoas que dizem que o mal está por toda parte e que é difícil ver Deus fora dos momentos passados dentro da igreja, acampamentos, células, etc. Eu sou um pouco suspeita para falar contra isso, porque vejo Deus em tudo. Desde as aulas de biologia que tive no colégio, quanto nas aulas de filosofia que ando tendo agora. E a ideia para esse post surgiu justamente durante uma aula sobre a ética nas obras de Aristóteles. Calma! Não fuja, eu juro que não será nada maçante ou que relembre as intermináveis aulas de filosofia da escola (algo que muita gente acha insuportavelmente chato).

Segundo Aristóteles, a felicidade só é encontrada ao vivermos uma vida virtuosa. Porém, ninguém nasce com as virtudes prontas. O filósofo admite que as virtudes só vão se aperfeiçoando com o exercício das mesmas. O que importa é a ação, não a intenção. Ou seja, eu posso ter a intenção de ter a virtude da generosidade. Mas somente a intenção não me faz uma pessoa generosa. Se não houver ações generosas, essa virtude não é realidade na minha vida.

E, quanto mais você exercita suas virtudes, tentando alcançar o bem, mais você conhecerá o bem da forma como ele, de fato, é. Explicando de outra forma: quando você exercita virtudes como generosidade, coragem, lealdade, você se aproxima da verdadeira face do bem. As falsas ideias do que seria esse “bem supremo” vão desaparecendo, e você se aproxima mais da verdade. E, o mais incrível: chega um ponto em que a escolha da ação virtuosa já é tão natural para a pessoa que ela apenas tem atitudes que visam o bem. Ela está vivendo em sua segunda natureza (palavras de Aristóteles!) e se encontra inteira (pois não está dividida entre o bem e o mal, ao contrário do homem intemperante).

Enquanto o professor falava, eu só conseguia pensar em Deus! Ora, não há dúvidas que só vivendo uma vida dirigida por Deus que seremos felizes. Mas nós não nascemos com uma disposição para isso. Nossa natureza humana não está inclinada para as coisas espirituais ou para o desenvolvimento das virtudes. Para crescermos na caminhada cristã – a partir do momento em que já entregamos nossa vida para Jesus e estamos dispostas a mostrarmos frutos disso – devemos, a todo momento, escolher isso. Nunca haverá a ausência da “outra opção”, por assim dizer. Sempre teremos a opção de beber ou não, de irmos ao culto ou não, de lermos a Bíblia ou não, de nos inclinarmos para o Espírito ou para a carne. Sempre há opção. E intenção não vale nada! Querer estar inclinada para as coisas de Deus, mas realizar coisas que pertencem à natureza humana expõe o fato de que você, na realidade, não está inclinada para as coisas de Deus! O que mede sua qualidade de vida espiritual são suas ações, não suas intenções.

E algo incrível: quanto mais cultivamos atitudes que revelam a presença de Deus nas nossas vidas, mais O conhecemos, como de fato Ele é. Creio que isso é evidente quando olhamos para trás e percebemos quantas ideias erradas tínhamos a respeito Dele. Muitas vezes eu havia dito que Deus era amor sem, de fato, compreender isso. Muitas vezes eu disse que Deus era bom sem, de fato, crer nisso. Ao buscar o modo de vida que agrada a Deus, Ele se revela para nós. E isso é maravilhoso!

E, último ponto: o nascer de novo. A segunda natureza da qual Aristóteles fala pode ser “traduzida” dessa forma: o pecado já não tem poder nas nossas vidas. Estamos livres para escolher qual caminho iremos tomar. Não estou dizendo que é algo fácil. Principalmente no início, é um verdadeiro sacrifício! Mas, assim como o desenvolvimento das virtudes, é algo que exige esforço e repetição.

Então, queridos leitores e queridas leitoras: entendam que ações dizem mais do que intenções. Exercitem suas virtudes – e então vocês chegarão mais perto da face de Deus.

Ps: Quero ressaltar o fato de que todas as observações feitas aqui estão inclusas no melhor estilo de parábola. Aristóteles nunca disse nada sobre natureza humana, caminhada cristã e muito menos Jesus (até porque ele viveu no século IV a.C.). Nada de usar esse post em trabalho de escola!!

Pps: Para aqueles mais curiosos, Aristóteles explana mais detalhadamente sobre virtudes, ética e justiça em seu livro “Ética a Nicômano”.

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