O molde de quem queremos ser
Todos nós temos modelos. Pessoas que admiramos e que nos inspiram. Podemos ter um nome para cada área. Aquela pessoa bem-sucedida na área em que você trabalha e que tem o emprego dos seus sonhos. Aquela pessoa inteligente e eficiente, que consegue fazer muito mais atividades do que você consegue. Aquele amigo atleta, que acorda mais cedo só para correr (me contem o segredo disso, por favor).
E você também deve ter uma pessoa que te inspira pelo jeito.
Pela delicadeza, pela bondade, pela calma. O que te chama atenção não é nada que
essa pessoa faz ou tem, mas o que ela é.
Há algum tempo atrás, comecei a fazer uma lista mental das
pessoas que me inspiravam, por causa de uma matéria que eu li, e percebi que
todas as pessoas que eu admirava tinham uma coisa em comum: elas eram
verdadeiramente cristãs.
Quando eu digo verdadeiramente cristãs, quero dizer que essas
pessoas têm uma relação de dependência e obediência com Deus – ‘'apenas isso.
Apesar de parecer duas coisas muito simples, ambas são extremamente difíceis e,
na verdade, não são fatos, mas escolhas que levam a vida inteira para se
aproximarem da perfeição – e nunca a alcançam. Nem sempre escolhemos depender de
Deus – às vezes acreditamos que podemos fazer algo através das nossas próprias
forças. Nem sempre somos obedientes – às vezes acreditamos que sabemos mais do
que Deus o que é melhor para nós.
A questão do texto de hoje é retirar a nossa venda em
relação àqueles que nos inspiram. Muitas vezes conhecemos aquele irmão
que ajuda a todos, que é calmo e gentil, e simplesmente não conseguimos nos ver
daquele jeito. Eu falo alto, sou extrovertida e não tenho uma voz doce. Será que
é isso que devemos buscar?
O que essas pessoas que admiramos têm em comum não são
características físicas ou comportamentais. O que elas compartilham é o
desprendimento de si mesmas. Essas pessoas se esvaziam de si mesmas, e convidam
Jesus para modificar seu temperamento, para controlar suas emoções e para mudar
sua mente. As ações, que são os frutos que elas produzem, apenas são uma
consequência das mudanças realizadas por Deus.
Vejo um padrão de “santidade” se espalhando,
principalmente entre as garotas, que se preocupa apenas com o
exterior. Ter uma voz baixa e suave não significa que você é mais ou
menos espiritual. Se comportar de maneira tímida nada tem a ver com ser humilde
e mansa. Não precisamos mudar quem nós somos para nos encaixar nos
padrões que, muitas vezes, estão presentes no mundo cristão. Você pode
ter sua voz alta, sua personalidade extrovertida, seu cabelo black power, suas
calças jeans rasgadas: isso não lhe torna menos cristão. (Da mesma forma que se
conformar ao padrão não lhe torna mais cristão.)
O que nós realmente devemos buscar é nos esvaziar de quem somos
e nos encher de Deus. O que isso significa? Renunciar comportamentos
egoístas e impensados, como ter acessos de raiva (galera, não é legal
se vangloriar por ser ‘pavio curto’: domínio próprio é fruto do Espírito
|Gálatas 5:22|) e ser grosseiro com outras pessoas. Esvaziar-se de si mesmo
significa buscar a vontade de Deus, mesmo que ela vá de encontro com a
sua. Significa esmagar seu orgulho, a fim de se tornar
alguém humilde. Nos esvaziar significa nos colocar como vasos de barro nas mãos
do Oleiro: prontos para tomar a forma que Ele deseja nos dar.
Quando admiramos aquele amigo ou aquela amiga por quem ele/ela
é, pode reparar: são pessoas boas, que pensam primeiro nas necessidades alheias.
São pessoas que inspiram algo além delas mesmas. Elas têm uma felicidade, uma
postura diferente. E é precisamente isso: elas estão vazias delas mesmas e
cheias de Deus.
E é isso que devemos buscar: mais de Deus e menos de nós.
Meros comportamentos e vestimentas nada dizem sobre nosso estado
espiritual. Avalie seu coração, sua mente e seus sentimentos; descubra
o que você precisa retirar de você a fim de que Deus possa ocupar esse espaço (e
acredite, sempre há algo para renunciar, sempre há um pedaço de nós que
precisa morrer).
Lembre-se que o molde que muitas vezes confeccionamos para nos tornarmos parecidos com quem admiramos leva em conta apenas o lado externo, apenas foca as ações. Ações são mera consequência do nosso estado espiritual. O molde de quem queremos ser deve ser jogado fora, e ser substituído pelo molde de quem devemos ser - aquele molde que Deus nos fornece, através de sua Palavra, de suas direções, de suas respostas às nossas orações e de Seus ensinamentos.
Oro para que, a cada dia, sejamos menos parecidos com que somos
agora e mais parecidos com o Jesus que nos salvou. Que nos transformemos em quem
Deus deseja nos tornar.
Graça e paz!
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