Pai de Órfãos
“Em alguns minutos, a visão que eu tinha de mim mesmo havia mudado inteiramente. [...] eu continuava sendo, claro, tudo o que era antes: um cientista, um médico, um pai, um marido. Mas pela primeira vez na vida me senti um órfão. Alguém que havia sido abandonado. Alguém que não era aceito nem desejado.”
Esse é um
trecho do começo do testemunho de conversão do Dr. Eben Alexander III, contado
no livro escrito pelo médico, Uma prova
do céu. Apesar de não ter terminado de ler esse livro, estou apaixonada
sobre como as coisas aconteceram de maneira tão intensa na vida desse homem. Nesse
trecho do livro, o médico, que foi adotado por uma família maravilhosa,
descobre que seus pais biológicos tinham se casado na juventude e tido outros
três filhos, nenhum deles tendo sido entregues para adoção; e não queriam
contato com ele. Esse foi o momento em que o médico afundou. Como ele mesmo diz, esse foi o momento em que
ele começou a se sentir como órfão, rejeitado, indesejado. Sozinho.
Quando li essa
parte do livro eu me perguntei: quem
será que nunca se sentiu assim? Bem, pelo menos eu já me senti assim em várias
fases da minha vida, principalmente antes de me converter e aceitar Jesus como
Senhor e Salvador. Inclusive isso acontece também quando estamos na nossa
caminhada na vida cristã, quando as coisas estão ficando pesadas demais e
achamos que não vamos agüentar a pressão. Geralmente nessa fase nós sentimos um vazio
enorme dentro de nós e buscamos preencher com coisas que nunca nos satisfarão
completamente. Esses prazeres fazem com que nos sintamos aceitos, inclusos,
queridos, mas no fim nós continuamos órfãos, sozinhos e carentes. É como a água
que a mulher samaritana toma: “Quem beber
terá sede outra vez.” (João 4:13).
Essa sensação
de vazio é implantada pelo mundo em nossos corações. O intuito do Inimigo é
fazer com que você se sinta cada vez mais solitário e abandonado e caia em
pecado, buscando se encher de tudo aquilo que é pecaminoso e sujo. E quando nós
colocamos esse pensamento nos nossos corações, de que somos sozinhos e ninguém
nos ama, a nossa vida vai por água abaixo, assim como o Dr. Alexander III. Você
não precisa ser um filho adotado e descobrir uma família biológica que não te
quis; você não precisa ter perdido um pai ou uma mãe ou quem quer que fosse o
responsável por você se sentir amado, para se sentir como órfão. Eu tenho meus
dois pais, casados, moro com eles, tenho amigos e parentes, padrinhos e
madrinhas e mesmo assim já tive os meus momentos de me sentir solitária. E
aposto que assim como eu que tem uma vida “normal” também já se sentiu como se
ninguém se importasse, como se ninguém te quisesse. Órfão.
Sentir-se órfão
é simplesmente não saber reconhecer a paternidade de alguém e isso pode
acontecer com pais vivos ou não, sendo adotivo ou não. A sensação de ser órfão vem de quando você não tem consciência de que
existe um Pai Celestial, com um amor maior que qualquer outro, cuidando de você
como Filho. Não reconhecer isso gera um sentimento de rejeição pior do que
qualquer outro: a auto-rejeição. E não é uma rejeição por não gostar de si
mesmo, é a rejeição por achar que ninguém gosta de você. Você cria esse
pensamento de que é sozinho, de que não tem Pai, de que não tem quem cuide de
você e isso impede toda a sua vida de se desenvolver. Assim como o Dr.
Alexander, se você incorporar esse sentimento na sua vida, perderá os caminhos,
se atrapalhará na carreira, sua vida perderá o sentido e o resto da sua fé
some.
Mas ainda que
nós não saibamos reconhecer que Deus nos ama acima de todas as circunstâncias,
acima de toda a nossa sujeira, nossos pecados e nossa incredulidade, o amor
Dele continua estável. Ele nos ama em tempo integral e nos aceita da maneira
que somos. Órfãos de verdade ou não, adotados, biológicos, estranhos,
mal-cuidados, extrovertidos, tímidos, risonhos, sérios; independentemente da
forma que somos o amor de Deus nunca nos deixa órfãos no Espírito. Com Deus, nós
nunca somos adotivos, pois fazemos parte efetivamente de sua família,
compartilhamos do seu espírito. Nunca somos rejeitados, nunca somos
abandonados. Essa é a grande verdade sobre mim e sobre você. E ainda que você
se sinta abandonado, saiba que Deus é Pai de órfãos e ele estará ao seu lado até
que você consiga ver o Pai amoroso que tem ao seu lado o tempo todo.
Deus te
abençoe em todo tempo.
Graça e paz,
Bruna
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