A hierarquia no meio cristão
Sempre existiram uns melhores que outros. Um carro melhor do que outro, um doce melhor do que outro, um texto melhor do que outro e, teoricamente, pessoas melhores que outras. Foi por isso que, desde o Antigo Egito e a Mesopotâmia, as civilizações se organizaram hierarquicamente. Os melhores, superiores, mais nobres, no topo da pirâmide social. Os mais fracos, esmagados na base.
O modelo hierárquico permanece até hoje, em tudo quanto é área, inclusive nas igrejas, e isso é abominável. Veja bem, não estou falando de diferenças entre cargos no ministério. No meio religioso, como em qualquer outro, é necessária uma divisão de funções; a Palavra de Deus deixa claro que uns foram designados para liderar, outros para interceder, outros para pregar, outros para cantar, desenhar, cozinhar ou limpar cadeiras, que seja. Deus nos dá dons e chamados diferentes de acordo com a personalidade e as necessidades que Ele mesmo colocou em nós.
Mas existe um tipo de hierarquia ideológica permeando as igrejas que, particularmente, me irrita: o absolutamente errôneo pensamento de que há pessoas melhores do que outras, cristãos melhores que outros. É necessário, sim, que haja pastores, ministros, e ovelhas - e às vezes, funções delegadas em diferentes denominações, como apóstolo, líder, presbítero, diácono e por aí vai. Mas a Bíblia deixa algo muito claro para nós: todas essas pessoas são absolutamente iguais perante o Senhor, e acreditar que um ministro de louvor é superior ao membro da igreja que apenas assiste aos cultos é um pensamento tão absurdo quanto qualquer outro preconceito.
Deus não quer que eu me vanglorie por supostamente ser melhor do que alguém, porque eu não sou. E sabe como Ele me diz isso? Por meio do próprio exemplo de Jesus. Se o próprio Cristo, que era Deus, não se considerou melhor, quem sou eu para fazer tal coisa?!
"Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens."
Filipenses 2:5-7
Há diferentes chamados, mas um foi estabelecido para todos nós: o chamado para servir. Isso significa que a responsabilidade de ajudar as pessoas e de colaborar com a casa do Senhor é para todos, sem distinções. Significa que não importa o quão bonito você é, o quão alto é o seu salário, o quão boas são suas pregações ou o quão espiritual você é. Nada disso é algo a que você deva se apegar. Devemos nos apegar apenas a Deus, e apenas ao fato de que todos somos filhos Dele.
Como cristãos, eu e você devemos imitar a Cristo, tendo consciência de que precisamos amar as pessoas, ajudá-las, servi-las da forma que nos couber e de todas as maneiras possíveis. Faça o que você sabe fazer para servir, e não para ser superior. Mas, se você não souber fazer algo e isso for necessário para servir seu próximo, que mal há em tentar aprender? Certa vez o pastor de jovens da minha igreja fez a seguinte reflexão conosco: "Tenho certeza que muitos de vocês querem ser pastores, ter ministérios internacionais, serem grandes líderes!". Nesse momento, a maioria de nós ficou eufórico. Uns gritaram "Amém!" e outros "Eu recebo!". Em seguida, ele perguntou: "Mas se Deus te pedir para limpar o banheiro da igreja, você vai com essa alegria toda?" Nós murchamos em nossas cadeiras. Pensávamos conosco: "Limpar o banheiro? Puxa, mas Deus sabe do meu potencial para pregar, discipular, cantar... Não sou bom com faxina. Isso não é para mim.". Mas isso é servir. Usar de todos os seus artifícios em favor de quem você ama - o seu Deus e o seu próximo.
Para Deus, não há melhores e piores. O próprio Jesus mostrou isso. Eu e você somos iguais, e temos o mesmo propósito: nascemos para amar, e dar nossas vidas por aqueles que amamos.
Na graça e na paz do Senhor Jesus,
Vitória
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