Reconhecendo a Cruz outra vez

domingo, fevereiro 16, 2014 Maravilhosa Graça 0 Comments



     O post de hoje é sobre o assunto mais óbvio em um meio cristão. Mesmo sendo tão "clichê", a marca da nossa crença (e da nossa vida), muitas vezes, acaba não fazendo diferença depois de certo tempo de cristianismo, por pior que isso possa parecer e, de fato, ser. Quero chamar a sua atenção para algo que é muito mais do que um símbolo, uma tatuagem ou um adesivo de carro. E peço que você não ignore este texto, porque talvez você esteja precisando exatamente disto: reconhecer a Cruz outra vez.

     Certa vez, quando voltava de uma viagem que fiz com minha tia, estávamos ouvindo um programa cristão no rádio do carro no qual uma mulher - acredito que era uma pastora - estava pregando. No meio da pregação, ela contou um episódio que tinha se passado em sua casa, com a filha adolescente. A menina teria pedido conselhos à mãe, aflita porque já não conseguia chorar em seus momentos a sós com Deus. Aquela pastora, percebendo o desespero da filha por pensar que estava fazendo algo errado, respondeu: "minha filha, seja bem-vinda à maturidade espiritual". 

     Nunca mais me esquecerei daquelas palavras, porque naqueles dias eu estava passando pelo mesmo 'problema' daquela adolescente. As palavras daquela pregadora me tranquilizaram, porque eu percebi que não é realmente necessário que haja lágrimas para que haja um encontro com o Espírito Santo. De fato, já estive em diversas ocasiões em que Ele se manifestou de tal forma que as pessoas ao meu redor começavam a chorar e se manifestar de várias maneiras, mas, em boa parte desses momentos, eu não chorava, não gritava e não pulava. Só mais tarde fui entender que Deus trata as coisas de forma diferente em cada um de nós, sendo que tudo o que temos deve ser usado para a Sua glória, como está escrito em Coríntios:

     "Que fareis pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação." 
I Coríntios 14:26

     Há vários fatores que podem tocar e sensibilizar um cristão, como batismo no fogo do Espírito, o próprio batismo nas águas e até mesmo algumas canções que conseguem ultrapassar algumas barreiras e tocar nossos corações com uma unção sobrenatural, além de inúmeras outras coisas que o Espírito Santo pode usar como bem quiser para nos tocar. Por uma questão do querer de Deus, algumas pessoas não têm suas emoções tão significativamente tocadas por algumas dessas manifestações, e isso é perfeitamente normal. Uma música cuja letra fala sobre cura interior, por exemplo, pode trazer lágrimas aos olhos de alguém que precisa disso e não fazer tanta diferença para outra pessoa. Mas existe algo na vida de um cristão que não pode deixá-lo mudo. Existe algo que não permite que usemos a justificativa "não sou uma pessoa sensível". Há algo na história do cristianismo que não varia de acordo com a personalidade dos cristãos e sua receptividade, não varia de acordo com o que Deus quer fazer em determinados corações, pois foi algo que Ele planejou para não uma ou duas pessoas, mas para toda a humanidade. Algo que resume o Evangelho, e diante disto não há como não reagir de alguma forma: a cruz de Cristo.

     Certamente, a filha daquela mulher que eu ouvi pregar no rádio já havia atingido um certo nível de maturidade na vida com Deus, e talvez ela já não chorasse como antes porque o Espírito Santo se aproximou dela de forma que ela já se acostumara à sua presença. Por isso, em alguns pontos de sua oração, ela já estava tão forte que não era necessário chorar.

     Quando um casal começa a se relacionar, qualquer sinal de afeto é capaz de emocionar. Conforme o tempo passa, o casal já não age da mesma forma, mas isso significa que já não se amam? Não! Pode simplesmente significar que seu amor amadureceu, e eles agora se conhecem muito mais do que no início da relação. Mesmo assim, há coisas que nunca deixarão de comover as pessoas em seus relacionamentos amorosos, não importa quantos anos passem. Da mesma forma, nossa relação com o Senhor amadurece, mas Cristo continua sendo a ponte que sempre manterá o fogo do primeiro amor aceso.

     Estou certa de que, se ao olhar para cruz, aquela adolescente continuasse apática, algo estaria errado com ela. Talvez ela tenha atingido certo nível de maturidade espiritual, mas o cristão maduro jamais deixa de reconhecer a cruz, porque é disso que se trata o entendimento do Evangelho. Quando falo da cruz, me refiro, é claro, ao sacrifício de Deus por nós. Mas a crucificação de Cristo não é somente um símbolo do que foi feito para a salvação da humanidade. A Cruz revela o amor de Deus por nós de forma que nenhuma outra história da Bíblia revela. A Cruz nos mostra claramente quem é Deus, e é diante desse Deus tão maravilhoso que não há como não se comover.

     Provavelmente, ao se converter, você passou pelo processo de entendimento da crucificação e percebeu que esse foi o plano de salvação de Deus. Quando temos o primeiro contato com a Cruz de Cristo, entendemos o quão misericordioso Deus é. Entendemos que não somos dignos ou merecedores, mas pela graça de Deus recebemos esse sacrifício que jamais poderemos retribuir com favor algum. Por contemplar o amor tão grande de Deus por nós, ficamos comovidos e, por isso, entregamos nossa vida ao Senhor Jesus.
Jamais me esquecerei da noite em que o Espírito Santo me revelou a verdade sobre a Cruz. Eu assistia a uma pregação sobre o tema em uma chácara da igreja e, antes mesmo que a preletora chegasse ao ponto crucial da mensagem, ou antes mesmo que qualquer pessoa fechasse seus olhos para orar, eu já estava prostrada com o rosto no chão, chorando amargamente e me sentindo imensuravelmente mal. Eu me senti mal porque, naquela noite, entendi o quanto Cristo sofreu para me resgatar, mas eu não era nem um pouco digna daquele sacrifício. Percebi o quão suja eu era diante de quem Cristo foi na terra, e naquele momento, eu realmente me humilhei diante de Deus. Tudo o que eu conseguia dizer era "Senhor, mas eu não mereço". 

     Há um vídeo na internet no qual o pastor americano Paul Washer diz que a verdade mais assustadora da bíblia é que Deus é bom, e isso se torna terrível quando nós percebemos que Ele é tão bom enquanto nós somos tão maus, porque seria injusto que Ele nos salvasse. Eu desejava com todas as minhas forças arrancar Cristo daquela Cruz e me colocar no lugar dele, porque não era justo que ele morresse por mim. Quando percebi que não poderia voltar no tempo e desfazer o sacrifício de Deus, comecei a pedir perdão a Ele para que, no mínimo, não fosse indiferente diante de tudo aquilo.

     O reconhecimento da Cruz é o primeiro passo na vida de um cristão, pois traz o arrependimento e o quebrantamento. Embora eu não pudesse entender ou mensurar a graça de Deus sobre a minha vida, a tristeza que eu sentia naquela noite produziu uma mudança em mim, conforme está escrito:

     "A tristeza segundo Deus produz um arrependimento que leva à salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o mundo produz morte." II Coríntios 7:9

     Para mim, esse momento é o mais lindo na vida de alguém, pois é quando há a verdadeira conversão. O problema é que a maioria de nós passa por isso somente uma vez. É da Cruz que nasce o quebrantamento que gera um caráter moldável, mas nós pensamos que só precisamos passar por isso uma vez.

     Se aquela noite na chácara tivesse sido a última vez em que me derramei diante da Cruz, meu amor por Deus certamente teria se esfriado. Nós precisamos reconhecer a cruz todos os dias, a cada culto, a cada momento com o Espírito Santo. Não é necessário que você derrame lágrimas toda vez que orar, mas a comoção precisa, sim, ser uma marca em seu coração que vem à tona todas as vezes em que você olha para a Cruz, e você precisa olhar para ela não uma vez, duas, ou a cada domingo, mas todos os dias. 

     Se você não tem este costume, faça isto hoje: inclua a cruz em seu momento de oração, e passe a fazer isso todos os dias. Reconheça o sacrifício, reconheça o Deus a quem você serve. Diga a Ele que, embora você possa não ter dito isso nas últimas vezes em que orou, você é imensamente grato pelo que a crucificação de Cristo fez em sua vida, e que reconhece o quão dependente disso a sua vida é. Faça isso de todo o coração e, se necessário, se prostre, chore, humilhe-se na presença do Senhor para expressar seu amor por Ele. Isso é ser apaixonado por Cristo.

Na graça e na paz do Senhor Jesus,
Vitória
  • Share on Tumblr

0 respostas: