Amor sem joguinhos

domingo, janeiro 29, 2017 Maravilhosa Graça 0 Comments



"O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará." 
I Coríntios 13:4-8

        Você provavelmente já conhece essa passagem. Seja de ter lido na própria Bíblia, de ter ouvido na letra de dezenas de músicas, ou de ter visto a famosa citação do apóstolo Paulo em algum filme. A descrição que ele faz do amor na carta aos coríntios é realmente linda, digna de ser entoada como a caracterização mais pura desse sentimento tão nobre. E eu acho lindo pensar em como Deus, tudo o que Ele fez e tudo o que Ele é, se resume em amor.
"Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor." I João 4:8
        Mas a revelação que acho mais surpreendente na definição que a Bíblia traz, é o fato de que ela não se parece em nada com o que nós conhecemos ou chamamos de amor hoje em dia. Especialmente na área dos relacionamentos a dois (namoro, casamento), é difícil reconhecer aqueles nos quais há mesmo paciência, bondade, humildade, perseverança... E principalmente, é difícil encontrar um amor que realmente não busque seus próprios interesses, mas coloque o outro em primeiro lugar.

        Mas esse amor existe.

       Um dia desses estava ouvindo uma playlist do Youtube no modo aleatório e conheci uma nova música. Pieces, da Bethel Music. A melodia é linda, mas você não tem ideia de como a letra me tocou, e imediatamente me fez pensar no texto de I Coríntios 13. A tradução da canção diz:

"Sem reservas, sem restrições. Seu amor é selvagem, seu amor é selvagem por mim. 
Ele não é tímido, não tem vergonha. Seu amor tem orgulho de ser visto comigo.
Você não dá o seu coração em pedaços. Você não se esconde para nos provocar.
(...)
Seu amor não é fraturado, não é uma mente perturbada. Não é ansioso, não é do tipo inquieto. 
Seu amor não é passivo, nunca é desengajado. 
É sempre presente, está em cada palavra que dizemos.
O Amor cumpre as suas promessas, ele mantém a sua palavra. 
Ele honra o que é sagrado, porque seus votos são bons. 
Seu amor não é quebrado, não é inseguro. Seu amor não é egoísta. 
Seu amor é puro."

        Os relacionamentos que estamos acostumados a ver (e a viver) hoje em dia são completamente viciados. Muitas vezes, tóxicos, destrutivos, abusivos. Mas mesmo que não cheguem a este nível, são comumente relacionamentos unilaterais. Como assim? Bom, você já deve estar cansado de saber o que é o tal do "joguinho". Esse é um nome que a nossa geração inventou para o padrão lamentável de relacionamento onde uma das partes (ou as duas) está sempre tentando sair por cima na situação, parecer mais forte. Os joguinhos são cheios de regras. "Você precisa demorar para responder as mensagens". "Não demonstre muito interesse, e nunca corra atrás. Você precisa esnobar pra que ele caia aos seus pés". 

        Nossa geração é ensinada a pensar que sentimentos e sensibilidade são sinônimo de fraqueza. "Homem não chora". "Mulher tem que ser difícil". "Quem perdoa traição é 'trouxa'". E assim, se cria um ciclo infindável de relacionamentos de plástico, egocêntricos, onde o que importa é ser maior do que o outro e ter seus interesses satisfeitos 100% do tempo. Se aquele lá não deu conta do recado, a fila tem que andar, e assim a gente vai massificando sentimentos e ainda tem a capacidade de chamar isso de "amor" pelo tempo que dura, até que se torne um rótulo barato e descartável.

      A maioria das pessoas não se dá conta disso, mas todos esses vícios dos "joguinhos" e relacionamentos descartáveis só revelam uma geração verdadeiramente doente. Por trás da tentativa incansável de parecer forte e jamais transparecer carência ou vulnerabilidade, há uma insegurança tremenda. Por trás da armadura, as pessoas têm medo de entregar seu coração, e vão entregando apenas os pedaços.

         Mas não o amor de Deus. Não o amor verdadeiro. Não o Amor que não é algo, mas é Alguém.

       Por isso acho a letra dessa música brilhante. A começar pelo título, que de início não faz o menor sentido para quem olha. 

        Eu não faço ideia do que passou pela cabeça da compositora ao escrever essa letra. Mas não consigo evitar pensar que ela percebeu como o amor tem sido banalizado. E é completamente frustrante estar em um relacionamento em que a outra parte só entrega alguns pedaços. Talvez você já tenha estado nessa situação. Estar com alguém (seja num relacionamento amoroso ou não) que tem vergonha de ser visto com você. Que não tem certeza do que sente, que oscila entre estar presente ou distante, e você tem a sensação de que uma parte está faltando. Talvez você esteja cansado dessa história de joguinhos.

        Ou talvez, você seja a pessoa que não consegue amar de verdade porque já teve seu coração remendado inúmeras vezes, e tudo o que você tem a oferecer a Deus e às pessoas é aquele "amor quebrado", como a música diz. Um amor inseguro, cheio de cicatrizes e memórias de pessoas que já te decepcionaram. Um amor em pedaços.

        Mas saiba: o amor de Deus não tem isso. Não tem joguinhos. É 100% confiável, completamente entregue, completamente interessado em te ter e te alcançar. E quando ele te alcançar, ele pode não só preencher os espaços vazios, mas restaurar sua capacidade de amar. Porque Ele é o amor. Estamos falando do único ser do Universo que pensa naqueles que ama antes de pensar em si mesmo.

        Estamos falando de alguém que abriu mão da sua própria vida por amor.

     E quando você conhecer esse Amor perfeito, finalmente vai entender que ele é mais do que suficiente.

Na graça e na paz do Senhor Jesus,
Vitória
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