as coisas mudaram

as coisas mudaram. tanto aconteceu desde a última vez que eu estive aqui e Você continua me pedindo para voltar. tantas vezes eu falei que não sabia mais se acreditava que Você era real. tantas vezes eu usei a mesma boca que um dia liberou palavras de exaltação à Você para desonrar o Seu nome.

as coisas mudaram muito e em tão pouco tempo meu coração, que antes se enchia de confirmações, passou a duvidar até mesmo se o que eu havia sentido antes era verdade. se não era uma criação da minha cabeça, uma interpretação equivocada do que eu pensava ser o divino. enlouqueci.

perdi totalmente o controle da minha vida. perdi as certezas, perdi o caminho. já não sabia nem onde queria chegar, nem por qual caminho queria seguir, nem se queria continuar aqui. tentei não continuar. tentei tornar o meu existir em mera sobrevivência e passei dias a fio correndo atrás de preencher aquilo que não poderia ser preenchido.

corri incansavelmente atrás do vento, sem saber ao certo se um dia chegaria lá. e eu nem sabia onde o "lá" era. eu não sabia o que eu estava buscando, o que eu queria. onde eu estava. aos poucos, meu coração foi se fechando. meus olhos ficaram cegos para o desespero latente escancarado a minha volta, nas minhas próprias atitudes. deixei-me levar, perdida fiquei.

e na perdição a angústia se alastrou. fez raízes no meu coração e tornou a minha essência em insegurança. onde antes brotavam flores, agora só haviam pedras. todo tipo de vida foi sufocado pela ausência de algo que fizesse o solo fértil. olhei para os meus pés e me sentia afundar.

na lama, na incerteza, no mar de inquietações que se levantou dentro de mim. olhei ao redor e tudo o que consegui ver foi a tempestade. tudo o que consegui sentir era medo. de me afogar. de sumir. de ter vivido tudo em vão. eu sentia um medo tão forte e a cada minuto sentia uma parte de mim adentrar a escuridão, cada segundo a mais era uma parte a menos para se molhar. até que não sobrou nada.

a água era fria. o gelo cortava a pele, meus pulmões gritavam por ar puro, ar fresco, ar. e apesar da dor crescente em meu peito, ainda podia sentir a vida em mim. eu ainda não tinha ido, eu ainda estava aqui: presa por algum fio invisível à mera sobrevivência. quando achei que estava congelada, as coisas mudaram outra vez.

olhei para onde achei que era o céu e tudo continuava tão escuro quanto meus olhos poderiam ver.

então eu descobri o que nunca imaginei. descobri que o fundo era o melhor lugar. no fundo, eu ficava quietinha e só conseguia ouvir o silêncio. no fundo, quando o barulho do mundo cessava, quando os gritos dos desesperados desaparecia, eu conseguia te ouvir. e Você falou: vem.

Você me chamou mais uma vez e me mostrou que quando não sobra nada de mim, Você aparece. me mostrou que quanto mais fundo eu estou, mais perto de da Sua presença eu fico. me fez sentir a força de suas correntes, o barulho surdo da sua voz em meu coração. Você me carregou com braços de amor e me mostrou que ali, no fundo, sem ser nada, sem querer nada,, sem sentir nada, Você agia.

as coisas mudaram. no silêncio eu ouvi a Sua voz me pedindo para voltar. no fundo, sem saber onde as águas começavam e terminavam, eu  consegui entender o quão fraca, quão suja eu estava. consegui perceber o meu coração pobre e mau. eu vi o quão fraca eu estava, mas Você me disse: eu não me importo.

Você me disse: "porque o Meu poder se aperfeiçoa na sua fraqueza, porque Eu te escolhi ainda no ventre da sua mãe e você é minha; porque foi para os doentes que eu vim trazer cura; para os cegos que eu vim trazer visão; para os fracos que eu vim trazer força; para os angustiados que eu vim trazer alívio. para você, filha, eu trouxe descanso. para você, eu trouxe santidade; para você, eu trouxe amor".

e então as coisas mudaram outra vez.


Neemias e Ester

Tanto Neemias quanto Ester alcançaram posições de influência em suas vidas. Eles eram os únicos que professavam ser do Senhor em um ambiente inóspito à fé judaica. Entretanto, ambos realizaram suas missões com excelência, posicionando-se quando necessário e influenciando sempre que possível.

Qual é o segredo de uma vida cristã que influencia ao invés de ser influenciado?

Quando entrei na universidade percebi que cresci em uma bolha em que era comum e aceitável ser cristão. O mundo real nem sempre recebe muito bem as regras que Deus estabelece, pois acreditam que Deus é apenas amor, esquecendo-se de que também é justiça.

Compreendi que, muitas vezes, é mais sábio me abster de discussões extenuantes sobre Deus, porque as pessoas já têm uma visão feita sobre o que é certo e errado. Acredito firmemente que quem realiza o convencimento é o Espírito Santo, e não uma boa oratória. Assim, talvez a melhor forma de impactar pessoas seja com as nossas ações, e não apenas com nossas palavras.

No entanto, nossa questão ainda persiste: como influenciar e não ser influenciado?

A resposta é simples, porém sua execução é difícil. 

Precisamos estar imersos em Deus.

A Palavra precisa estar em nossas mentes, o Espírito precisa estar livre para se manifestar em nossas vidas. Precisamos ser vasos: vazios de nós mesmos e cheios Dele. Apenas assim seremos capazes de impactar vidas e nos mantermos fieis aos nossos princípios.

Ester e Neemias tinham foco no que era realmente importante. Apenas dessa forma eles foram capazes de modificar o seu contexto e incluir seus nomes na história. Mas, o mais importante de tudo: por estarem imersos e focados eles foram capazes de completar suas missões.

Ter um nível profundo de relacionamento com Deus é difícil porque exige dedicação e esforço. Tudo nos desencoraja a chegar nesse nível de comprometimento, mas devemos permanecer. Apenas assim poderemos influenciar ao invés de sermos influenciados.

Graça e Paz

Dos pecadores, sou o pior

Esdras era um homem que conhecia a Lei, que ensinava sobre Deus aos seus irmãos e que tinha uma relação íntima com o Senhor. Ao tomar parte da missão de construir um novo templo, ele descobre que diversos homens de Israel casaram-se com mulheres estrangeiras, algo que era considerado pecado.

Esdras então clama a Deus: 

E disse: Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus; porque as nossas iniquidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido até aos céus. Desde os dias de nossos pais até ao dia de hoje estamos em grande culpa, e por causa das nossas iniquidades somos entregues, nós e nossos reis e os nossos sacerdotes, na mão dos reis das terras, à espada, ao cativeiro, e ao roubo, e à confusão do rosto, como hoje se vê. E agora, por um pequeno momento, se manifestou a graça da parte do Senhor, nosso Deus, para nos deixar alguns que escapem, e para dar-nos uma estaca no seu santo lugar; para nos iluminar os olhos, ó Deus nosso, e para nos dar um pouco de vida na nossa servidão. Porque somos servos; porém na nossa servidão não nos desamparou o nosso Deus; antes estendeu sobre nós a sua benignidade perante os reis da Pérsia, para que nos desse vida, para levantarmos a casa do nosso Deus, e para restaurarmos as suas assolações; e para que nos desse uma parede de proteção em Judá e em Jerusalém. Agora, pois, ó nosso Deus, que diremos depois disto? Pois deixamos os teus mandamentos, os quais mandaste pelo ministério de teus servos, os profetas, dizendo: A terra em que entrais para a possuir, terra imunda é pelas imundícias dos povos das terras, pelas suas abominações com que, na sua corrupção a encheram, de uma extremidade à outra. Agora, pois, vossas filhas não dareis a seus filhos, e suas filhas não tomareis para vossos filhos, e nunca procurareis a sua paz e o seu bem; para que sejais fortes, e comais o bem da terra, e a deixeis por herança a vossos filhos para sempre. E depois de tudo o que nos tem sucedido por causa das nossas más obras, e da nossa grande culpa, porquanto tu, ó nosso Deus, impediste que fôssemos destruídos, por causa da nossa iniquidade, e ainda nos deste um remanescente como este; tornaremos, pois, agora a violar os teus mandamentos e a aparentar-nos com os povos destas abominações? Não te indignarias tu assim contra nós até de todo nos consumir, até que não ficasse remanescente nem quem escapasse? Ah! Senhor Deus de Israel, justo és, pois ficamos qual um remanescente que escapou, como hoje se vê; eis que estamos diante de ti, na nossa culpa, porque ninguém há que possa estar na tua presença, por causa disto. (Esdras 9:6-15)

Esdras, por mais correto que pudesse ser, se colocou entre os pecadores. Perceba que ele identifica o povo todo como pecador e merecedor de castigo. Ao ler isso, tive a certeza que, se fosse alguém mais desavisado, pediria a Deus que destruísse aqueles que pecaram e poupasse a vida daqueles que estavam retos perante Deus.

Talvez fosse isso que eu e você faríamos no lugar de Esdras.

No entanto, ao invés de separar o povo entre "quem se casou com estrangeira" e "quem não se casou com estrangeira", Esdras clamou pelo povo inteiro. Ele sabia que o povo tinha pecado muito além disso. Ele sabia que Deus não quer fazer diferença entre ninguém, mas deseja que todos sejam salvos.

Atualmente nós apontamos o irmão que tem um pecado revelado em público como se nós fossemos limpos de qualquer pecado. Nós criticamos como se fossemos isentos de qualquer culpa. Nós pedimos pena de morte como se nós também não merecêssemos pagar pelas coisas erradas que fazemos reiteradamente. 

Oro para que nós sejamos menos mesquinhos e nos concentremos mais nas nossas vidas, nas nossas falhas, nos nossos pecados. Ao orar pelo seu irmão, perceba que não é só ele que precisa de perdão; todos nós precisamos.

Como Esdras, fique triste pelo pecado que há no mundo, e não feliz pela própria santidade. Fique inconformado com o caminho que o mundo tem tomado, e não conformado com a ida de todo mundo (menos você) para o inferno. Ame ao invés de julgar. Acolha ao invés de apontar. Mantenha em mente que, dentre os pecadores, você é o pior.

A partir daí suas orações serão mais parecidas com a de Esdras - e, quem sabe, seu coração também fique mais parecido com o dele.

Graça e paz,
Carol.

Nossa missão e ondas de fé

No primeiro mês do primeiro ano de seu reinado, ele [Ezequias] reabriu as portas do templo do Senhor e as consertou. Convocou os sacerdotes e os levitas, reuniu-os na praça que fica no lado leste e disse: "Escutem-me, levitas! Consagrem-se agora e consagrem o templo do Senhor, o Deus dos seus antepassados. Retirem tudo o que é impuro do santuário. Nossos pais foram infiéis; fizeram o que o Senhor, o nosso Deus, reprova e o abandonaram. Desviaram o rosto do local da habitação do Senhor e deram-lhe as costas. Também fecharam as portas do pórtico e apagaram as lâmpadas. Não queimaram incenso nem apresentaram holocausto no santuário para o Deus de Israel. Por isso, a ira do Senhor caiu sobre Judá e sobre Jerusalém; e ele fez deles objeto de espanto, horror e zombaria, conforme vocês podem ver com os seus próprios olhos. Por isso os nossos pais caíram à espada e os nossos filhos, as nossas filhas e as nossas mulheres foram levadas como prisioneiras. Pretendo, pois, agora fazer uma aliança com o Senhor, o Deus de Israel, para que o fogo da sua ira se afaste de nós. Meus filhos, não sejam negligentes agora, pois o Senhor os escolheu para estarem diante dele e o servirem, para ministrarem perante ele e queimarem incenso". 2 Crônicas 29:3-11

O livro de 2Crônicas conta sobre o reinado de Salomão e de todos os reis subsequentes até o momento em que Deus entrega os judeus nas mãos do rei da Babilônia. Ezequias foi um dos poucos reis que se comportaram de maneira condizente aos mandamentos de Deus e fez uma verdadeira revolução na sua época, como podemos ler no versículo em destaque.

Porém, como vocês já devem ter percebido, nós acreditamos firmemente que o que está na Bíblia, de alguma forma, tem algo a nos ensinar. Ainda que reconheçamos a importância histórica do que está escrito, acreditamos ainda mais que Deus quer nos mostrar algo em cada versículo.

Durante minha leitura deste livro, fiquei me perguntando o por quê de Israel ser tão suscetível ao pecado da idolatria. Era sempre a mesma coisa: um rei como Ezequias trazia o povo para perto de Deus e então o próximo levava o povo a adorar outros deuses, construir altares e desrespeitar as regras do Senhor. Por que Israel vive esse ciclo interminável?

Ao pensar isso, lembrei dos meus próprios pecados. Eu me aproximo de Deus, arrependida, e logo depois cometo os mesmos pecados, de novo e de novo. Se eu sou como Israel, a resposta seria a mesma?

Eu creio que sim.

Israel foi o povo escolhido por Deus para ser o povo separado. Eles tinham como missão ser diferentes do resto do mundo e carregar a lei, viver a lei. Se essa era a missão desse povo, é muito óbvio qual seria o ataque de Satanás: tirá-los desse caminho.

Se a identidade de Israel estava diretamente ligada a ser diferente dos outros povos, a ser a nação que louva e adora o Deus verdadeiro, Satanás faz com que Israel se comporte como as outras nações, trazendo para sua terra os deuses daqueles outros povos. Ele atinge justamente o que Deus tem para o povo, porque o que ele quer é destruir os planos que Deus tem.

Nas nossas vidas não é muito diferente. Se você pensar em qual é a sua principal missão aqui na terra, vai perceber que suas maiores lutas são em áreas relacionadas ao seu chamado. O que Satanás quer é atrapalhar os planos de Deus, logo, ele tenta transformar em fraquezas as principais habilidades que Deus lhe concedeu.

Entretanto, não estamos sem solução ou amparo. Faça exatamente como Ezequias fez:

1. Abra as portas do templo: restabeleça sua relação com Deus. Faça uma oração sincera, tenha uma conversa aberta. Confesse seus pecados, suas fraquezas e reconheça que é o Senhor quem lhe mantém. Retorne aos braços do Pai com sinceridade e humildade.

2. Purifique-se: não existe nenhuma situação difícil demais em que não temos ideia de onde estamos errando. O pecado, na maioria das vezes, é óbvio - assim como a solução do problema. Afaste-se do que te leva a pecar: pessoas, situações, hábitos. Dedique seu tempo à leitura da Bíblia, ocupe seu tempo com coisas que te fazem pensar em Deus e em seus assuntos, jejue mais. Quanto mais nos enchemos com coisas de Deus, menos temos vontade - e tempo - de pecarmos.

3. Sirva: cumpra sua missão. Abrace sua identidade e vá para o mundo fazer o que Deus lhe chamou para fazer. 

Não podemos deixar com que Satanás atrapalhe os planos de Deus para as nossas vidas. Através de Jesus nós temos o poder de vencer o pecado e viver em plenitude.

Graça e paz,
Carol.

Do que você precisa para ser feliz?



     Eu não me lembro de muita coisa das matérias de Filosofia que estudei na escola, mas me lembro que eu gostava muito. E um dia desses li em algum lugar que, desde os primórdios da humanidade, vários filósofos em algum momento se dedicaram a um tema em especial em meio aos seus pensamentos sobre a existência humana. Se fizeram uma pergunta cuja resposta varia de pessoa pra pessoa, de cultura pra cultura, e de tempos em tempos. Uma pergunta sem resposta, na verdade: o que é a felicidade?

     Mais do que isso, talvez: como alcançar a felicidade?

    Mas é curioso como filósofos cristãos como Agostinho e Tomás de Aquino não chegaram a se aprofundar nesse tema, talvez porque não fosse o objeto do estudo deles. Quando me dei conta disso comecei a pensar: por que nós, cristãos, não falamos muito de felicidade? Será que Deus não quer que a gente seja feliz?

     Meu palpite é que algumas pessoas acham que, já que o “objetivo” de Deus é que a gente alcance a vida eterna, Ele não se importa tanto com a nossa vida aqui na Terra. Somos ensinados com base na Palavra que essa vida que conhecemos é passageira, e buscar saciar nossas vontades aqui é como correr atrás do vento. Foi essa a conclusão de Salomão ao final da sua vida, como vemos em Eclesiastes.

     Não quero entrar numa discussão teológica aqui, muito menos filosófica. Mas eu, particularmente, acredito (e muito) que Deus se interessa pessoalmente pela nossa felicidade.

 O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.” (João 10:10)

     Sei que Jesus sempre falava de vida eterna. Mas ao oferecer uma vida em abundância, acredito que ela falava também desta vida aqui. Essa vida de carne e osso, que por enquanto é a única que conhecemos. Ao contrário do que a Igreja Medieval pregava, eu não acho nem um pouco que Deus quer que a gente sofra muito e se martirize aqui na Terra pra poder "merecer" a vida no céu. Cristianismo, aliás, não é sobre merecimento, mas sobre graça. É claro que o apóstolo Paulo disse que haveria sim sofrimento. Os discípulos sofreram para anunciar o nome de Jesus depois que Ele subiu aos céus. Mas creio que eles eram felizes independentemente de fartura ou necessidade, porque sua felicidade estava dentro deles, e não do lado de fora.

     Aliás, a cruz não foi só para Redenção da vida eterna, embora este seja, é claro, o maior objetivo. A Palavra também diz que na cruz Jesus levou nossas enfermidades e já não somos mais escravos do pecado nesta vida. É por isso que até hoje Ele opera curas e sinais e milagres ainda no mundo físico: Ele quer que tenhamos uma vida plena aqui também.

     O que me interessa aqui hoje não são os pensamentos dos filósofos, mas o seu. Para você, o que é felicidade? É complicado pensar nisso porque é uma concepção muito ampla. Mas de todas as coisas que passam pela sua cabeça quando você pensa nessa palavra, tente refletir mais uma vez e responder a si mesmo com sinceridade: essas coisas te fazem, de fato, feliz? Voltamos aos pensamentos de Salomão. O homem mais sábio da Bíblia passou a vida toda correndo atrás de várias fontes de felicidade, para chegar ao final e finalmente entender que era impossível encontrar essa plenitude enquanto ele não fosse preenchido em Deus.

"A minha alma ficará satisfeita como quando tem rico banquete; com lábios jubilosos a minha boca te louvará." (Salmo 63:6)

     E por que isso? Parece que nossa alma tem um buraco, e não importa o quanto algo me faça feliz hoje, em poucos dias já estarei vazia de novo. O motivo é simples: a felicidade não é uma condição da alma, mas do espírito. A alma (nosso conjunto de sentimentos e pensamentos naturalmente humanos), à qual a Bíblia por vezes se refere como "coração" ou "mente", metaforicamente, passa por estados que mudam com frequência. Talvez até várias vezes em um só dia. 

     Mas a felicidade não é um estado que você alcança quando algo de bom acontece, ela está intrinsecamente ligada a quem você é, e naturalmente, àquilo que te define. Ou seja, seu espírito. Você não é seus sentimentos, muito menos o seu corpo. O que estou dizendo é que você não fica feliz, você é ou não é feliz. O que não quer dizer, é claro, que não dá pra mudar isso. O X da questão é descobrir se você sabe onde está a sua felicidade, o que a define.

     Eu sei que parece confuso. E como eu disse, não pretendo entrar numa discussão teológica; só estou dizendo minha própria interpretação da Palavra. 

     Mas quando você compreende que a felicidade está relacionada ao seu espírito, fica muito mais fácil entender por que só dá pra ser realmente feliz quando somos preenchidos por Deus. Se você ainda não conhece essa felicidade, provavelmente vai ser muito difícil entender o que estou dizendo; tudo o que eu posso fazer é te convidar para experimentá-la. Mas se você conhece ou já conheceu, sabe do que eu estou falando. Sabe do quanto é diferente a felicidade e abundância que experimentamos na presença de Deus e os momentos passageiros de alegria que a nossa alma tem com as coisas do mundo. Não dá pra explicar, é preciso provar.

     A felicidade em Deus, pra mim, é uma sensação de preenchimento. É como finalmente saber por que eu existo, e ter paz dentro de mim independentemente do que estiver acontecendo ao meu redor, porque eu sei que tenho tudo o que eu preciso: a própria pessoa de Jesus. Nele eu encontro as respostas que nada mais nessa vida pode oferecer. E por mais que não sejam respostas racionais como talvez eu queria que fossem, no meu espírito, de alguma forma, eu sei que estou segura Nele. Não sei te dizer como, mas eu simplesmente sei, e isso me faz genuinamente feliz.

     Talvez você só vá entender que Jesus é tudo o que você precisa quando Ele for tudo o que te restar. Mas eu acredito que Ele está muito interessado em te mostrar o que é ser feliz, e isso vai acontecer quando você entender que você não precisa de nada além dele. Afinal, nós não vamos levar nada dessa vida. Mas do lado de dentro, eu sei que tenho um tesouro que nada nesta vida ou na outra vai poder arrancar de mim. 

     Quando todos os meus prazeres e sofrimentos tiverem passado, quem Ele é vai permanecer. E saber disso faz com que eu saiba que eu também vou permanecer, desde que eu esteja Nele. Isso me dá paz para poder viver sem me deixar desanimar pelas angústias e preocupações que às vezes me afligem. Posso ficar desanimada, abatida, decepcionada. Mas tenho como firme fundamento a fé de que Ele é quem me faz forte e de que, no final de tudo, é Nele que eu estarei firme.

      Há uma esperança que vem pela fé, de que nada vai me tirar essa certeza de quem eu sou Nele, e nada vai me tirar esse amor que eu recebi por meio da Cruz. E, não importam quais sejam as circunstâncias, isso sim é ser feliz.
"Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir,

Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor." (Romanos 8:38-39)
 Na graça e na paz do Senhor Jesus,
Vitória

Nosso papel nos planos de Deus



"No entanto, o meu povo e eu não podemos, de fato, te dar nada, pois tudo vem de ti, e nós somente devolvemos o que já era teu." 1Crônicas 29:14

O livro de 1Crônicas é repleto de listas. Listas dos antepassados, lista dos levitas, das cidades dadas aos levitas, dos conselheiros do rei, dos guardiões do templo, entre inúmeras outras. Por vezes, a leitura é cansativa e nos perguntamos porque Deus achou que seria importante trazer em Sua palavra algo que nos parece tão tedioso.

Particularmente, vejo certa beleza nessas listas. Não conseguimos entender muito bem quais são os planos de Deus. Às vezes conseguimos ver a mão Dele guiando as coisas, fazendo com que certas pessoas cruzem nosso caminho, mas o quadro completo nos é um mistério. 1Crônicas nos auxilia a entender melhor esse quadro.

Todos nós temos um papel no plano de Deus. É importante notar que nem todo mundo é chamado para as tarefas com grande repercussão. Nem todos serão pregadores, palestrantes, cantores ou missionários. Talvez seu papel seja no ministério infantil, levando a Palavra para os pequenos naquela salinha nos fundos da igreja. Talvez seu papel seja recepcionar as pessoas. Talvez seu papel seja aconselhar, seja escrever na internet sobre Deus, seja atuar na sua área de formação de uma maneira diferenciada.

Nenhum desses papeis são menos importantes do que aqueles com maior visibilidade.

É muito comum ouvirmos "não existe pecadinho ou pecadão", isto é, não existe um pecado maior que o outro, porque o que está em jogo não é a lei que quebramos, mas a honra de quem não respeitamos. Assim, mentindo ou matando, estamos transgredindo a ordem do mesmo Deus, logo, o peso do pecado é o mesmo.

Eu acredito que o mesmo se aplica aos nossos papeis. Não existe uma missão melhor que a outra, porque o que importa não é o que estamos fazendo ou quem está percebendo nossas ações, mas para quem estamos realizando aquilo. Nossa missão na vida é trazer glória ao nome de Deus e isso pode ser feita de infinitas maneiras. E adivinha: Ele gosta igualmente de todas elas.

Jesus disse que aquele que quisesse o seguir deveria servir. Se você está servindo com um coração sincero, é tudo isso que Deus espera de você.

Vamos finalmente, para o nosso versículo em destaque. O que ele tem a ver com tudo o que foi dito até agora?

Tudo o que somos capazes de fazer (escrever, cantar, cozinhar, ensinar, pregar, liderar) vem de Deus. Por mais que o nosso esforço em fazer coisas por Deus seja legítimo e até mesmo belo, temos que entender que a capacidade não é nossa. Ele nos deu habilidades e apenas utilizamos cada uma delas para levar glória ao Seu nome. 

No dia em que entendermos isso, o orgulho será coisa do passado. A vaidade ficará sem sentido e poderemos servir a Deus de maneira mais desprendida e despreocupada. Não estamos trabalhando pelas nossas forças, porque Ele está à frente. Podemos descansar e aproveitar a jornada.

Que a partir de agora as intermináveis listas de 1Crônicas lembre você de que todos nós temos um papel nos planos de Deus. Esse papel, em última instância, deve utilizar suas habilidades para trazer honra ao Seu nome. E isso é o mínimo que podemos fazer: devolver para Ele o nosso melhor.

Graça e paz,
Carol.

Na dependência de Deus

     

        Eu estava conversando com Deus um dia desses e pensando no quanto eu gostaria de ser criança de novo, talvez ser criança pra sempre. Era tão bom quando minha maior preocupação era "o que será que a mamãe colocou na minha lancheira? Não quero esperar até o recreio para saber" ou "ah não, tenho que fazer minha tarefa de matemática".  

        Semana passada um conhecido meu perdeu a carteira, e foi péssimo para ele porque todos os seus documentos estavam lá. Aí eu me lembrei que, quando tinha uns oito anos, eu perdi minha carteira da Hello Kitty. Fiquei triste, mas que diferença fazia? No máximo teria uns 5 reais lá dentro. Os poucos documentos que eu tinha até então, era minha mãe quem carregava. Eu não precisava me preocupar com absolutamente nada!

        Pensando sobre essas coisas eu comecei a refletir sobre por que uma criança não precisa se preocupar com nada. O motivo é simples: tem sempre alguém que cuida de praticamente tudo pra ela. Sejam os pais, os avós, ou mesmo um profissional de um órgão público. Tem sempre um adulto por trás, por uma razão muito óbvia: uma criança muito nova não consegue sobreviver sozinha. Nos primeiros anos de vida, se não houver alguém para alimentá-la, limpá-la e aquecê-la, essa criança não terá nenhuma perspectiva de vida. E quer você se lembre ou não, você já foi assim. Um dia alguém teve que te dar banho e segurar sua mão pra atravessar a rua. Mas quando foi que isso mudou?

        Provavelmente você está pensando "bom, quando me tornei grande o bastante pra atravessar a rua sozinho e soltei a mão da minha mãe".

        Não sou nenhuma psicóloga ou pedagoga pra analisar seu desenvolvimento ou a educação que você teve na infância, mas queria te dizer que, na nossa fé, nós também começamos como crianças. Mas em algum momento, a maioria de nós acha que já está grande o bastante pra fazer as coisas sozinho, e nós acabamos soltando a mão do Pai. Você já sabe ler a Bíblia sozinho, ir à igreja, e já sabe exatamente como agir pra ser "um bom cristão". Mas onde entra Cristo nessa história?

        Tem uma música bem antiga que eu costumava ouvir, que diz assim:

"Quero ser como criança, te amar pelo que és. Voltar à inocência, e acreditar em Ti. Mas às vezes sou levado pela vontade de crescer, torno-me independente, e deixo de simplesmente crer." (Abraça-me, David Quilan).

        A vontade de Deus é que voltemos a depender dele, como crianças. Isso fica bem claro quando Deus diz a Paulo: "a minha graça te basta (...)" (I Coríntios 12:9). No contexto, Deus estava dizendo a Paulo que nos momentos de fraqueza, Ele é o suficiente. Mas se pararmos para refletir, Ele é o suficiente em todos os momentos.

        É como se Ele estivesse dizendo: "pare de se preocupar tanto, e de querer fazer tudo sozinho. Você não precisa de todas essas estratégias e planos mirabolantes, você não precisa bancar o adulto o tempo todo e querer salvar o mundo e salvar a si mesmo. Você só precisa de mim. A minha graça é o suficiente.".


        Isso tem muito a ver com algo que eu disse há um tempo em um devocional sobre entregar o controle da sua vida a Deus (clique aqui para ler). E é interessante como, ao perceber como as pessoas dão atenção demais aos problemas da vida, e as preocupações comuns do dia-a-dia de qualquer adulto, Jesus diz:

"Portanto eu lhes digo: não se preocupem com suas próprias vidas, quanto ao que comer ou beber; nem com seus próprios corpos, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante do que a comida, e o corpo mais importante do que a roupa? (...) Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer? ’ ou ‘que vamos beber? ’ ou ‘que vamos vestir? ’ Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.". Mateus 6:25-33
        Sei que pode soar muito difícil; afinal, somos quase programados para nos preocupar. Mas que tal tentarmos entregar todos os nossos planos e preocupações a Ele, e simplesmente descansar? Como uma criança mesmo. Meu recado para você hoje é: não se preocupe. Quando algo foge das suas mãos, seu Pai está cuidando de tudo.

Na graça e na paz do Senhor Jesus,
Vitória

Não temas



E o servo do homem de Deus se levantou muito cedo e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros; então o seu servo lhe disse: Ai, meu senhor! Que faremos? E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. E orou Eliseu, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu. (2 Reis 6:15-17)

"Não temas" é uma ordem recorrente de Deus, presente tanto no novo quanto no velho testamento. Deus levantou pessoas para missões grandiosas: construir uma arca, guiar um povo no deserto, construir um templo, conquistar uma terra, pregar o evangelho para todos os povos. E, para todas essas pessoas, Ele disse: não temas.

Eu temo praticamente o tempo inteiro. Tenho medo de ser assaltada, de chegar atrasada, de ser criticada no meu trabalho, de ir mal naquela prova na faculdade, de não ser considerada inteligente o suficiente, bonita o suficiente, digna o suficiente. Olho para o futuro e, normalmente, só imagino cenários em que as coisas dão errado. E Deus diz para mim: não temas.

Quando Jesus estava no Getsêmani, ele temeu. E ele orou para que Deus afastasse aquele sofrimento dele, se possível. A Bíblia não diz o que Deus respondeu para Jesus, mas, se eu fosse dar um palpite, seria algo como: não temas.

E por que nós tememos? Esse é um comando que estamos cansados de ouvir. Sabemos que temos de lançar nossas ansiedades sobre Ele assim como sabemos que Ele é nosso pastor e nada nos faltará. Se sabemos conscientemente disso, por que tememos?

A resposta é simples: porque duvidamos.

Duvidamos que aquele milagre realmente pode acontecer. Duvidamos que todas as coisas cooperam para o nosso bem - inclusive as coisas das quais nós temos medo. Duvidamos que Deus está na nossa frente, cuidando de cada detalhe.

Nós não temos fé.

Não temos fé porque enchemos nossas cabeças com opiniões de humanos quando poderíamos buscar a opinião de Deus. Não temos fé porque lemos devocionais no Facebook e não pegamos a Bíblia. Não temos fé porque somos orgulhosos e gostamos de ter a sensação de que controlamos a nossa vida e a nossa existência.

Quando nós entendermos que a nossa vida tem um propósito, que nossa existência é apenas parte de um quadro planejado por Deus, seremos mais corajosos. Porque nossa vida não se trata sobre nossas vontades, nosso ego, nossos desejos. Deus nos colocou na terra com um propósito e a nossa missão é executá-lo da melhor forma possível. Quando entendermos que a nossa trajetória é apenas uma maneira de trazer glória ao nome de Deus, ficaremos mais tranquilos. Sabe por que? Porque se nossas vidas pertencem a Ele, Ele nos ajudará a enfrentar todas as dificuldades.

No versículo em destaque, o servo de Eliseu ficou desesperado diante da situação de perigo. E quem não ficaria? Eliseu, por outro lado, sabia que não havia o que temer porque tinha outra visão da realidade. Uma visão baseada em Deus e no que Ele havia prometido.

Estamos iniciando o terceiro mês de 2017. Provavelmente você já temeu muitas coisas desde o início do ano. Provavelmente todas elas se resolveram. Porém, é certo que outros medos virão. Quando eles baterem à sua porta, tente assumir a postura de Eliseu e ore para que Deus lhe mostre qual é o verdadeiro cenário.

Acredite: não há o que temer.

Graça e paz,
Carol.

Graça, santidade e salvação




"Se meu próprio filho está tentando me matar, por que eu ficaria admirado se este membro da tribo de Benjamim quisesse fazer o mesmo?" 2Samuel 16:11

No livro de 2Samuel nós conhecemos a vida de Davi. Com a morte de Saul ele passa pelo processo de se tornar rei - visto que ainda haviam pessoas que lutavam para a família de Saul permanecer no poder - até que podemos conhecer um pouco mais de seu lado falho e humano.

Como todos sabem, Davi é conhecido por ser o "homem segundo o coração de Deus". No entanto, em 2Samuel, lemos sobre a história de Bate-Seba, que trouxe várias consequências para a história de Davi. 

Ao invés de ir para a guerra, conforme era o costume, Davi ficou no palácio. E, em uma tarde, passeando, avistou um mulher. Ele mandou trazê-la, teve relações com ela e, algum tempo depois, ela mandou avisá-lo que estava grávida. Davi manda trazer o seu marido de volta da guerra (pois é, Bate-Seba era casada) para que Urias achasse que o filho era dele. No entanto, como sinal de lealdade aos companheiros que ainda estavam no campo de batalha, Urias sequer vai para casa. Davi, então, manda Urias para a frente de batalha. Urias morre e Davi torna Bate-Seba sua mulher.

Bem, uma atitude dessas não parece ser de um homem segundo o coração de Deus. E é por isso que hoje eu quero falar sobre graça, santidade e fé.

Nós sabemos que nenhum ser humano é perfeito. Somos todos falhos, somos todos pecadores. De certa forma, somos todos como Davi, pois fazemos umas burradas que nem a que ele fez. E Deus nos ama. Mesmo assim, ainda assim. Seu Filho se fez carne e veio para terra padecer pelos nossos pecados. Ao ser crucificado, Jesus carregou em si todos os pecados da humanidade (todos mesmo, inclusive esse pecado de Davi!). E é através do sacrifício de Jesus é que somos salvos.

Salvação é um presente. Jesus fez todo o trabalho e nós não podemos salvar a nós mesmos. Isso significa que nenhuma ação nossa é capaz de comprar a salvação. Não há escambo, não há compensação. Somos salvos de maneira imerecida porque o amor de Deus é altruísta a esse ponto.

No entanto, Davi (e eu e você) não sai impune dessa história. Deus manda o profeta Natã dar aquele puxão de orelha no rei. Afinal de contas, ele tinha tudo e tirou de um homem honesto a única coisa que ele tinha. Deus determina que o filho de Bate-Seba e Davi morreria, bem como um homem da sua própria casa o envergonharia. Mais a frente descobrimos que esse homem é o seu próprio filho, Absalão, que persegue o pai com a intenção de usurpar o trono, até que é morto em uma batalha.

Com essa história, podemos perceber que ações importam. Deus não compactua com o pecado. Mas então qual é a relação entre salvação e ações? Graça e santidade?

Alcançamos a salvação pela fé. E a fé também é consequência da graça. Nós não temos fé espontaneamente, assim como não temos boas ações espontaneamente. A carne nunca se converte, portanto a tensão entre o que eu quero fazer e o que eu devo fazer é constante. 

Deus nos auxilia a ter fé, assim seremos salvos, assim como nos auxilia a desenvolver frutos do Seu Espírito. Ora, se Deus nos auxilia a dar frutos, poderíamos pensar que a ausência de frutos é culpa de Deus. Porém, não é bem assim. 

A santidade, antes de tudo, é uma escolha. Ao meu ver, a conversão é um processo. Um processo em que você compreende a realidade espiritual, conhece Jesus e decide o que vai fazer a respeito daquilo que descobriu. Para alguns a conversão é rápida, para outros a conversão é devagar. O ápice da conversão, ao meu ver, é quando você percebe que, mesmo querendo fazer o que sua carne clama, você ama tanto a Deus que você quer agradá-lo com sua vida. E, a partir de então, Ele te auxiliará toda vez que você o buscar, dando forças e perseverança para alcançar o alvo: Jesus.

Muita gente fala aquela passagem "sem santidade ninguém verá a Deus" para cancelar a graça e colocar nos nossos ombros o fardo de ter que ser perfeito para alcançar a salvação. Davi é a prova de que a relação com Deus é mais real do que "faça" e "não faça". Sem santidade, ninguém conhece verdadeiramente Deus, porque santidade é a consequência de você querer caminhar mais próximo de Deus. Eu interpreto esse "verá" como aquele enxergar sem escamas. Ninguém é capaz de entender um pouco mais de Deus como Ele é se não tentar viver como Ele diz que se deve viver. Santidade não pode ser um fardo que nós colocamos em nossas vidas para ganhar algo em troca, mas deve ser uma escolha livre e alegre, pois é através dela que temos a oportunidade de conhecer mais o nosso Pai.

Davi era o homem segundo o coração de Deus porque, por mais que caísse, ele se levantava quando Deus estendia a mão. Ele aceitava a disciplina e se prostrava. Ele adorava a Deus e o louvava com todo o seu ser. Ele era imperfeito, como nós somos, mas tenho certeza que ele passou a sua vida inteira tentando ser cada vez mais parecido com o Pai. E Ele, ao ver esse esforço, disse que aquele simples pastor de ovelhas que matou um gigante com uma pedra era do jeito que o Seu coração queria que nós fossemos.

Gostaria que você, no devocional de hoje, pensasse mais em como tem levado a questão da santidade e da graça em sua vida. É muito comum que, depois de certo tempo, nós tenhamos uma tendência a nos apegarmos em dogmas e regras. O quanto a santidade te faz sentir mais livre? Mais próximo de Deus? Se santidade significa proibição, prisão e te faz ressentir de Deus, busque uma nova compreensão. E não se sinta pressionado ou julgado: conversão é um processo. No fim, estamos todos ainda descobrindo o que fazer com essa graça maravilhosa que nos foi dada através de Cristo.

Graça e paz
Carol.

Do que você anda falando?



        Que Jesus veio quebrar um monte de tabus, a gente já sabe. Pra começar, ele chegou à Terra por meio do ventre de uma mulher comum. Foi criado por ela e seu marido, um carpinteiro que nada tinha a ver com os tais sacerdotes que ensinavam a Lei de Deus. E chegou atraindo os pobres e curando aos sábados, desafiando completamente aquilo que os judeus esperavam como "Messias".

        O que acho fascinante, no entanto, é que Jesus não veio mudar tudo ou "abolir" a Lei que Deus entregou a Moisés. Embora ele tenha instituído o tempo da graça, é como diria o meu pastor: "Antigo Testamento também é Bíblia". Jesus não veio para destruir a Lei, mas sim para cumpri-la; foi o que ele mesmo disse (Mateus 5:17). E aí, enquanto andou pela Terra, o Messias colocou as coisas no lugar e ensinou às pessoas o real sentido de muita coisa que Deus já havia ensinado no passado. Ele trouxe a revelação da Palavra, e de tudo aquilo que realmente importa.

       Existem várias passagens nos Evangelhos que nos mostram como Jesus pegou tradições nas quais o povo de Israel acreditava e "bagunçou" tudo. Na verdade, ele estava colocando tudo no lugar. Revelando. Trazendo, finalmente, a mensagem central do Reino de Deus: o Amor do Pai e a transformação do homem de dentro para fora, para levar à salvação. E foi em um desses momentos, enquanto ensinava sobre o Reino de Deus e explicava o que realmente importa, que Jesus trouxe uma das lições mais preciosas que o homem pode aprender acerca de si próprio.
"‘Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens’". Jesus chamou para junto de si a multidão e disse: "Ouçam e entendam. O que entra pela boca não torna o homem ‘impuro’; mas o que sai de sua boca, isto o torna ‘impuro’". Mateus 15:8-11
         Jesus disse essas coisas porque na Lei de Moisés (o que se tinha como Palavra de Deus até então), existia uma série de alimentos que eram proibidos para o povo de Deus, porque eram considerados "impuros". Até hoje, os judeus têm essas regras como um pilar importante da tradição. Mas quando Jesus foi questionado sobre isso, ele deu uma bela lição aos seus discípulos sobre religiosidade. O que realmente importa para Deus é o que está do lado de dentro, muito mais do que o que está do lado de fora.

         O que Jesus estava querendo dizer é que comer um determinado tipo de carne, por exemplo, não é o que "suja" o homem ou revela se ele realmente ama a Deus. O que mostra se uma pessoa tem ou não os frutos do Espírito Santo, e se realmente ama a Deus e procura servi-Lo, é o que vem de dentro para fora - os seus frutos. Neste caso, especificamente, não as palavras que ouvimos, mas as palavras que proferimos.

        Um pouco antes disso, Jesus já havia falado sobre como é importante prestarmos atenção ao que falamos:
"Considerem: uma árvore boa dá bom fruto; uma árvore ruim, dá fruto ruim, pois uma árvore é conhecida por seu fruto. Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom, do seu bom tesouro, tira coisas boas, e o homem mau, do seu mau tesouro, tira coisas más.
Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras você será absolvido, e por suas palavras será condenado". Mateus 12:33-37
        Eu poderia mencionar aqui dezenas de passagens bíblicas que falam sobre a importância de guardar a nossa língua, e tomar cuidado com o que dizemos. O livro de Provérbios está repleto de ensinamentos sobre isso. O próprio Jesus nos disse que seremos julgados por chamar nossos irmãos de loucos ou de idiotas (Mateus 5:22). Isso significa que Deus leva a sério aquelas "brincadeirinhas" que a gente vive fazendo de insultar as pessoas, porque a nossa palavra tem o poder de proferir vida ou morte (Provérbios 18:21). Tem até um outro devocional aqui no blog que fala sobre o poder da nossa forma de falar com as pessoas (clique aqui para ler).

        Ao dizer que a boca fala do que o coração está cheio, Jesus foi muito claro: aquilo que você diz mostra quem você é. Mostra o que você pensa, e o seu verdadeiro caráter. Não o que você diz quando está na igreja "adorando", mas o que você fala no seu dia-a-dia, a sua linguagem. E até mesmo o quanto nós gastamos tempo dizendo palavras inúteis ao invés de dizer coisas que edificam a nós mesmos e aos outros, ou que glorificam a Deus.

        Então o meu conselho para você hoje é: comece a prestar mais atenção nas coisas que você fala. Não só a forma como conversa com as pessoas, mas o seu jeito de falar no dia-a-dia mesmo, que reflete as coisas que você pensa. Pode ser que você se assuste com a quantidade de palavras ruins ou inúteis que saem dos seus lábios. E, se isso acontecer, talvez esteja na hora de fazer uma limpeza do lado de dentro.

"Quem de vocês quer amar a vida e deseja ver dias felizes? Guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade." Salmo 34:12-13
Na graça e na paz do Senhor Jesus,
Vitória 

O Senhor não falou com ele



Samuel não conhecia o Senhor pois o Senhor ainda não havia falado com ele. 1Samuel 3:7
Durante essa semana postamos no nosso Instagram devocionais sobre o livro de 1Samuel. Muitas são as temáticas do livro: Samuel como juiz do povo, Saul ungido como primeiro rei, a perseguição de Davi por Saul e, por fim, a morte de Saul e o triunfo de Davi. Entretanto, deixei para falar aqui no blog uma das primeiras partes do capítulo: a relação entre Samuel e Deus.

Ana, mãe de Samuel, não conseguia engravidar e, ao orar, prometeu ao Senhor que dedicaria seu filho ao Seu serviço caso pudesse conceber a criança. Sendo assim, Samuel cresceu no templo, sendo criado nos caminhos de Deus, por Eli. Entretanto, sempre que ouvimos a história de Samuel, ouvimos essa parte que trouxe no devocional de hoje: a parte em que ele não reconhece a voz de Deus.

Já li muitos textos sobre esse trecho e, na esmagadora maioria, fala-se sobre como Samuel não reconhecia a voz de Deus porque ele não tinha um relacionamento com Ele. Sempre julguei um pouco esse Samuel que passa uma imagem de ser relapso. No entanto, ao ler a versão da Nova Tradução na Linguagem de Hoje, algo me chamou atenção. O Senhor não havia falado com ele. Ora, isso era diferente do que eu tinha imaginado a minha vida toda. E as outras versões não eram muito diferentes:
Porém Samuel ainda não conhecia ao Senhor, e ainda não lhe tinha sido manifestada a palavra do Senhor. (Almeida)
Ora, Samuel ainda não conhecia o Senhor. A palavra do Senhor ainda não lhe havia sido revelada. (Nova Versão Internacional)
Perceba que, em um primeiro momento, podemos pensar que a culpa, agora, é de Deus. Samuel não era capaz de reconhecer a voz do Senhor simplesmente porque Ele não quis. Quando pensei nisso, parei, porque esse raciocínio simplesmente não faz sentido. Afinal, Deus nos promete isso:

E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração. (Jeremias 29:13)
Depois disso, me identifiquei um pouco mais com Samuel. Talvez ele tenha cometido o mesmo erro que muitos de nós cometemos na nossa caminhada cristã: apenas ele falava com Deus. O Senhor não tinha oportunidade ou espaço de se manifestar na vida dele.

Demorou muito tempo para que eu entendesse que oração é uma conversa e, como tal, é uma via de mão dupla. Isso significa que aquela oração em que eu, sonolenta, apenas recitava uma lista de pedidos, na verdade, não é uma oração. Talvez Samuel, como eu e você, jamais tenha esperado Deus se manifestar. Talvez tudo o que a vida cristã de Samuel conhecia até aquele ponto era isso. Mas, querido, Deus tem muito mais.

A oração é uma chave única para nos aproximarmos de Deus. Ela é que nos modifica, nos torna cada vez mais parecidos com Ele. Na minha experiência pessoal, é onde eu deixo todos os meus fardos e recebo graça. É onde Ele me lembra quem eu sou, quem Ele é e o que realmente importa. É quando eu sinto o Seu Espírito próximo e presente. Quando todas as dúvidas somem e apenas paz prevalece.

Você pode, assim como Samuel, ouvir a voz de Deus e ter Sua Palavra revelada. A partir de hoje dedique-se mais a ouvir Deus ao invés de se empenhar em falar com Ele. Dedique-se a conhecê-lo. Ler a Palavra é fundamental, é claro, mas aprenda a conhecê-Lo ouvindo-o através do seu espírito. E não se esqueça:

As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. (João 10:27,28)

Graça e paz,
Carol 

Moças cristãs exigentes demais e a solteirice em "idade avançada"


        Se o título deste post te atraiu, é bem provável que você se encontre numa situação parecida. Quero ressaltar que coloquei a palavra "moças" porque esta é a minha realidade e algo que eu vejo muito acontecer, mas não significa que também não aconteça com homens. Então vocês, rapazes, também são bem-vindos. E como eu ia dizendo, é possível que você que está lendo já tenha escutado alguma das seguintes frases: "você é exigente demais!"; "desse jeito nunca vai encontrar alguém"; "não está passando da hora de você namorar não?". Sim minha amiga (ou amigo), isso é mais comum do que você pensa.

      Um dia desses uma amiga (cristã) veio me contar que estava se sentindo extremamente pressionada para namorar um rapaz. O cara se interessou por ela e começou a "correr atrás", e ela negou todas as investidas dele porque o interesse não era correspondido. Até que uma coisa começou a acontecer: pessoas dizendo pra ela, nas entrelinhas (ou descaradamente mesmo), que ela precisava dar uma chance pro cara senão ia acabar "ficando pra titia". Ela tem pouco mais de 20 anos e nunca teve um relacionamento com ninguém. E naturalmente, as pessoas começaram a cobrar isso dela - como se já não bastassem as inquietações que nós mesmos, jovens, temos a respeito dessa área.

        Quando essa amiga me contou essa história, ela me disse algo. "Vitória, o motivo pelo qual não estou correspondendo é muito simples: eu não quero. Não sinto interesse por ele. E não acho que Deus queira me obrigar a ficar com alguém por quem eu não sinto interesse.". Pessoalmente, acho que ela está completamente certa! Mas o que a Bíblia tem a dizer sobre isso? Tem uma passagem que me lembra um pouco disso.

"A bênção do Senhor traz riqueza, e não inclui dor alguma." Provérbios 10:22

        Aparentemente, a Palavra de Deus nos diz mais ou menos o que minha amiga me disse naquele dia. Não pretendo descontextualizar versículos aqui e dizer que o que vem de Deus nunca traz sacrifícios; sabemos que isso não é verdade. Não estou dizendo também que Deus precisa se submeter à nossa vontade e precisa do nosso aval para fazer as coisas. Definitivamente, não. Ele é soberano. Mas que sentido faria se Ele, como um Pai, quisesse nos obrigar a viver um casamento forçado em que não existe amor? Ele não quer nos dar uma vida de angústias em que não há paz. Muito pelo contrário, o casamento foi instituído para ser uma bênção nas nossas vidas.

      Relacionamento já é muito difícil quando duas pessoas se amam e querem fazer dar certo. Imagine só se tivéssemos que nos casar com pessoas que não despertam nosso interesse, só porque "já está passando da hora" ou por uma pressão social? Os casamentos não são mais arranjados como antigamente. Temos a opção de escolher a pessoa com quem vamos passar o resto da vida. 

        Particularmente, não acho que a gente tem que ficar sentado esperando as bênçãos caírem do céu. Mas também detesto a ideia de que precisamos sair correndo atrás e "passar os carros na frente dos bois", sem confiar que Deus tem o melhor. Acredito muito que esse é o tipo de coisa que precisa acontecer naturalmente, sem forçar a barra. Então a não ser que você seja uma pessoa extremamente devagar que nem tem coragem de conversar com o sexo oposto, tente não se preocupar tanto com a pressão externa. (Se você for esse pamonha que eu mencionei, outra hora a gente conversa pra descobrir como melhorar isso, hehe).

        É aquela história, todo mundo tá namorando e parece que o seu "prometido" nunca chega. E quando chega alguém interessado, parece que não chama sua atenção. Ou o contrário; você não é correspondido. Parece que Deus se esqueceu. E aí os anos vão passando, e você não aguenta mais as tias perguntando no natal "cadê o namoradinho". Você começa a se perguntar se não está mesmo "escolhendo demais" e se deveria dar uma chance àquela pessoa que não te desperta um mínimo interesse. Se bobear, você começa a namorar o primeiro que aparecer e acaba não desfrutando do melhor de Deus.

        É claro que pode acontecer; dar uma chance e aos poucos começar a se interessar pela pessoa. Acredito mesmo nisso. Mas não acho que você precisa se forçar a viver algo que não queira. E ouso dizer que é necessário ser exigente sim. No mundo em que vivemos, infelizmente há muitas pessoas com deformidades sérias no caráter. E mesmo quando não se trata de "defeitos sérios", por assim dizer, você precisa ter consciência de que deve observar se os defeitos daquela pessoa são suportáveis para você. Se não forem, é melhor correr do que ficar ali só porque "não tinha opção melhor". É como diz o ditado: antes só do que mal acompanhado.

        Eu espero que você entenda que não estou te incentivando a esperar por uma pessoa perfeita. Precisamos ser honestos com nós mesmos e reconhecer quando nossas idealizações estão passando dos limites. Mas quero sim te incentivar a não se contentar com pouco, porque Deus realmente tem o melhor para nós. E não importa se você tem 20, 30 ou 40 anos, o tempo Dele é perfeito. 

        Meu desejo é que você não se deixe levar pelos comentários de que "você precisa parar de ser tão exigente" ou que "vai passar da hora". A Palavra de Deus é irrefutável, e ela diz que há um tempo certo para todas as coisas (Eclesiastes 3:1). Você só precisa confiar. E pode perguntar pra quem já passou por isso: Ele não nos decepciona.

"Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus." Filipenses 4:6-7
Na graça e na paz do Senhor Jesus,
Vitória 

Jefté e Mispa




Todos nós conhecemos a passagem em que Abraão oferece Isaque como sacrifício até que o Senhor intervém, salvando a vida do filho da promessa ao dizer que Abraão provou ter fé. Mas poucos de nós conhecemos a história de Jefté, que, de fato, sacrificou sua única filha Mispa.

A história é narrada em Juízes 11. Jefté era filho de Gileade e de uma prostituta, razão pela qual os filhos legítimos de Gileade não aceitavam Jefté. Ele, então foge dos seus irmãos e passa a morar na terra de Tobe. Alguns anos depois, os líderes da terra de Gileade buscaram Jefté, a fim de que ele fosse o chefe na guerra contra os amonitas. Jefté aceita a missão, porém coloca uma condição: caso ele vencesse a guerra, ele passaria a ser o governador daquele povo. E assim aconteceu.

Entretanto, Jefté prometeu ao Senhor que queimaria em sacrifício aquele que primeiro saísse de sua casa se ele voltasse vitorioso da guerra. Ele ofereceria em sacrifício ao Senhor. Deus lhe deu a vitória, mas, quando Jefté chegou em casa, sua filha Mispa saiu ao seu encontro, dançando ao som de tamborins. 

Quando percebeu que sua única filha (Jefté não tinha outros filhos ou filhas) deveria ser sacrificada, Jefté ficou desesperado. Ao dizer que havia feito uma promessa a Deus e que não voltaria atrás, Mispa respondeu:

Se o senhor fez uma promessa ao Senhor Deus, faça de mim o que prometeu. (Juízes 11:36)
 Hoje, a partir dessa história, quero chamar sua atenção para duas coisas: nem sempre Deus nos livra dos sacrifícios e nem sempre estamos dispostos ao sacrifício.

Acho que a história de Abraão e Isaque é mais famosa em nosso meio porque, além de ser uma analogia ao Pai e a Cristo, ela tem um final feliz. Quem de nós não sonha que, no momento que Deus nos pede algo que sonhamos e amamos, seja apenas um teste de fé? Quantas vezes nós desejamos secretamente que aquilo que Deus nos manda sacrificar permaneça, de alguma forma, na nossa vida? Essa história de Abraão foi tão romantizada que esquecemos que ele passou momentos terríveis com o seu filho, na certeza de que ele teria que matá-lo. Ele tinha fé que Deus sabia o que estava fazendo e, se necessário, ressuscitaria seu filho, mas ele não tinha certeza se essa era a vontade de Deus.

A questão é: na maioria das vezes, quando Deus nos manda sacrificar algo, nós temos que ser como Jefté e ir até o final. Pode ser aquele relacionamento de anos, aquele emprego que te garante estabilidade financeira, aquela cidade que você mora desde que nasceu, aquele estilo de vida ao qual você já está acostumado. Quando temos de sacrificar algo, precisamos da fidelidade de Jefté. A história dele é o perfeito paralelo entre Deus Pai e Jesus Cristo, porque o Senhor não poupou o seu único filho e foi até o fim.

Que nós sejamos capazes de crescer na fé e entender que aquilo que nós queremos nem sempre é aquilo que Deus quer. Os sacrifícios doem, é claro, mas eles, por vezes, são necessários. 

E o que dizer de Mispa? Mesmo sabendo do seu destino, mesmo sabendo que sua vida encerraria-se, ela prontamente disse "faça de mim o que prometeu". Mispa não foi uma super heroína: ela foi uma cristã normal. Esse é o tipo de cristianismo que nós sempre fomos chamados a viver. Uma vida disposta a sacrifícios para engrandecer o nome de Deus. Mispa não fez mais do que nós somos chamados a fazer.

Que essa semana você possa parar e refletir: qual sacrifício Deus já lhe pediu para fazer e você não foi até o fim? Em qual área da sua vida existe a necessidade de se dispor como Mispa se dispôs?

Graça e paz,
Carol

Precisamos falar sobre gratidão


        Um dia desses eu falei aqui no blog sobre "ter uma vida mais leve". Refletindo sobre isso, fiquei pensando sobre como ser leve tem a ver com ser grato, e achei que isso daria assunto pra um outro texto. Então, como prometido, estou aqui pra falar desse assunto tão importante. Precisamos falar sobre gratidão.

        Se tem uma coisa frustrante é fazer algo para alguém e não ter nenhum mínimo reconhecimento por isso. É claro que não devemos fazer as coisas buscando reconhecimento, porque o bem deve ser feito de graça. Mas cá entre nós, seria bom receber pelo menos um "obrigado" de vez em quando, né? Se você se identifica com essa realidade e a falta de gratidão das pessoas te machuca, recomendo que você leia o post "quando meu trabalho não é reconhecido" (clique aqui). 

        Mas hoje o nosso foco é o outro lado da moeda: quantas vezes você foi uma pessoa ingrata?

       Sempre achei curioso o fato de que Jesus, antes de qualquer refeição, dava graças ao Pai. Se você fizer uma leitura cuidadosa dos Evangelhos, vai ver que ele agradecia o tempo todo, em meio a coisas cotidianas que nós todos estamos acostumados a ter e a fazer, sem quase nunca parar pra pensar "puxa, Deus me deu isso" ou mesmo "alguém trabalhou muito pra que eu pudesse fazer isso aqui hoje". E veja só que engraçado, a Bíblia nos ensina a dar graças em tudo. Até mesmo nas coisas ruins, porque isso significa confiar que a vontade de Deus é melhor do que a nossa.

"Regozijai-vos sempre.
Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." I Tessalonicenses 5:16-18
        Quando somos ingratos, refletimos um caráter totalmente oposto ao caráter de Jesus. Afinal, a ingratidão está intimamente ligada à arrogância. É aquela típica imagem da pessoa que pensa que não precisa de ninguém, e raramente reconhece quando recebe uma ajuda, porque o orgulho a impede de ver que aquilo foi uma dádiva. Seja de Deus ou de outra pessoa.

           Aliás, quem isso te lembra? Arrogância, orgulho, ingratidão... Não reconhecer a bênção que lhe foi dada e querer sempre mais, sempre ser maior...

          A passagem de Ezequiel capítulo 28 é atribuída pelos teólogos à criação e queda de Satanás. Ele foi criado como um anjo, um querubim responsável pela adoração. Mas não reconheceu a dádiva de Deus e rebelou-se contra Ele, porque queria ser maior. Foi quando Lúcifer pensou "quer saber, eu não preciso disso aqui, sou muito melhor do que Deus. ". E o resto da história a gente já conhece. A Palavra diz que seu coração se encheu de violência e orgulho, e ele foi expulso do céu.

"Você era inculpável em seus caminhos desde o dia em que foi criado até que se achou maldade em você. (...) Seu coração tornou-se orgulhoso por causa da sua beleza, e você corrompeu a sua sabedoria por causa do seu esplendor. Por isso eu o atirei à terra; fiz de você um espetáculo para os reis." Ezequiel 28:15-17
          Toda essa questão a respeito do orgulho permite uma reflexão muito rica sobre o quanto é perigoso alimentar nosso ego. Mas voltando ao nosso ponto central, percebe o quanto a gratidão pode nos aproximar ou nos afastar de Deus e de quem Ele é? E me refiro até mesmo às pequenas coisas.

          Eu sou uma pessoa meio "abobada" com tecnologia. Talvez seja porque eu não entendo nada da geração Y; não sei fazer quase nada que envolva máquinas e celular e internet (é, acho que nasci na década errada), então tudo que seja minimamente tecnológico às vezes me deixa perplexa. E aí, lembro de um dia em que eu estava escutando música com fones de ouvido, e do nada comecei a falar: "cara, é muita tecnologia, já pensou?! Do outro lado do mundo uma pessoa cantou num microfone, aquilo foi mixado, gravado em uns aparelhos, e hoje está passando em um fio e chegando até os meus ouvidos!". Quando terminei de compartilhar minha epifania, meu irmão estava me olhando como se eu fosse um ET. E aí ele disse: "É normal, ué. São só fones de ouvido. Você é doida."

          Estou contando essa história porque, na verdade, ele tinha razão. É normal. Ninguém para pra ficar se admirando com o fato de que a tecnologia nos proporciona coisas incríveis. Ninguém para pra pensar em coisas que são normais do dia a dia como dádivas. Ninguém para pra olhar o sol, que está lá todos os dias, e pensa "caramba, nós temos a luz do sol! Ela ilumina, aquece, e faz bem!". Convenhamos, uma pessoa que fizesse isso seria no mínimo uma criatura chata. Meio Poliana demais, daqueles excessivamente felizes o tempo todo. Mas será que é tão difícil assim ser grato pelas pequenas coisas?

        Não estou dizendo que você precisa sair de casa todos os dias dando gargalhadas e gritando "bom dia, mundo!". Mas por que não exercitar, em seu coração, a gratidão pelas pequenas coisas? Pela vida, pela sua saúde, pelas pessoas ao seu redor. Porque, por mais clichê que isso seja, é a pura verdade: alguém lá fora daria tudo pra ter algo que você tem, e nem agradece.

          Alguém em algum lugar está orando, pedindo a Deus por coisas que você tem, e você nem consegue se sentir grato. E não estou falando só da sua casa confortável, do seu carro ou da sua oportunidade de fazer uma faculdade. Estou falando de tudo. Até da sua liberdade de ser cristão, que não existe em tantos países. Da família de que você tanto reclama, enquanto tem gente completamente sozinha - no sentido literal da palavra. Não gente que tem "uma mãe chata que não entende", mas gente que nem tem mãe. Entende aonde quero chegar?

          À medida que nos tornamos mais gratos, aquilo que nós temos e somos deixa de ser pequeno aos nossos olhos, e passa a ser suficiente

        Não vim aqui hoje te dar uma lição de moral e dizer pra comer todo o seu almoço porque existem pessoas que passam fome. Ok, talvez um pouquinho. Mas a gratidão é algo que, se posto em prática, faz bem primeiro pra nós mesmos. É algo de dentro pra fora, que vai nos transformando em pessoas melhores. E mais parecidas com Cristo. 

          Comece hoje a tentar ver o lado bom das situações na sua vida. Em vez de orar pelo alimento só quando estiver com a galera da igreja, seja grato em seu coração por cada momento em que for se alimentar. Afinal de contas, ser grato (a Deus e às pessoas) também é uma forma de servi-Lo.

Na graça e na paz do Senhor Jesus,

Vitória.

Identidade e promessas



"E o Senhor disse a Josué: hoje eu tirei de vocês a vergonha de terem sido escravos no Egito" Josué 5:9
No mês de Janeiro lemos os livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Desde o início da Terra até uma compilação de discursos de Moisés, o povo israelita enfrentou de tudo um pouco. Deus fez uma aliança com Abraão em que lhe prometeu inúmeros descendentes. Entretanto, sua esposa Sara era infértil, e a promessa parecia distante. Mas Isaque nasceu. E gerou Jacó, que gerou José. Após ser vendido como escravo pelos irmãos e de ser preso por uma acusação injusta, tornou-se governador do Egito e salvou todo o país (e toda a família) da fome que assolou a região.

Entretanto, os anos passaram e o rei do Egito não sabia nada sobre José. O povo judeu tornou-se escravo e, durante 400 anos, foram cativos. Deus levantou Moisés para libertar o povo. Foram necessárias 10 pragas para o faraó aceitar a saída do povo hebreu, e, mais tarde, a abertura do Mar Vermelho. O povo andou por 40 anos no deserto, até que Moisés morre e o líder passa a ser Josué.

A Terra Prometida nunca esteve tão próxima, a promessa feita a Abraão nunca fora tão real. Milhares de pessoas, todas descendentes de Abraão e Sara, frente à terra que o Senhor dissera que eles viveriam. Só havia um problema: a identidade daquele povo.

Eles não se viam como destinatários daquela promessa. Eles não conheciam nada além do deserto, e nunca ouviram nada além de relatos da escravidão. Se as coisas que aconteceram com nossos avós já parecem distantes, imagina como o povo estava distante da promessa feita por Abraão. Tal identidade não era compatível com o título de herdeiros da promessa.

E, por vezes, isso também acontece nas nossas vidas. As promessas que Jesus nos fez, separadas por mais de dois mil anos, parecem não ser direcionadas a nós. O título de herdeiros do Reino e filhos de Deus não combinam com nossa autoimagem. Ainda nos enxergamos como pecadores imundos, indignos, distantes de Deus e merecedores do inferno. E, veja bem, nada disso é mentira. Assim como os israelitas efetivamente foram escravos no Egito, nós fomos escravos do pecado. Mas o Senhor libertou tanto o povo hebreu quanto a nós, pecadores.

Perceba que muitas coisas podem afetar a nossa identidade e nos afastar das promessas que Deus fez para nós. De repente a sua família nunca foi estruturada e por isso você acredita ser incapaz de ter um casamento feliz. Ou você nunca se destacou no colégio/faculdade e acredita que sua vida profissional é tendente ao fracasso. Você pode pensar que os pecados que cometeu são muito graves para serem perdoados. Quem sabe você ainda comete esses pecados e crê que não há salvação.

Hoje Deus vem tirar todas essas vergonhas.

Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. (2Coríntios 5:17)
Entenda que Deus é capaz de todas as coisas. Ele criou o céu e a terra, abriu o Mar Vermelho, fez o Messias nascer de uma virgem. O seu passado e o passado da sua família não podem parar o que Ele tem preparado para você. E, para isso, você precisa crer. Precisa crer que já foi perdoado, precisa crer que o preço já foi pago. Ninguém é perfeito, ninguém parou de pecar completamente. Mas as misericórdias renovam-se a cada manhã - e essa é uma promessa destinada a você!

Quando você perceber que ainda se enxerga como escravo, lembre-se das promessas que Deus já fez para você e de que Ele já retirou a vergonha que você poderia ter. Tudo se fez novo!

Graça e paz,
Carol